não se apreça um rio
;
seu fim é só o começo
seu preço é um leito vazio
Nov 26th, 2012 by Christiana Nóvoa
não se apreça um rio
;
seu fim é só o começo
seu preço é um leito vazio
Nov 25th, 2012 by Christiana Nóvoa
passarada se recolhe
mais cedo
vai-se a cantoria
a luz desce
a copa do arvoredo
desfolha
parece que o dia encolhe
quando molha
Nov 22nd, 2012 by Christiana Nóvoa
a gueixa sonhou
que a rã de bashô é fã
do seu ofurô
Nov 21st, 2012 by Christiana Nóvoa
toda língua é mole
é dura
tanto engole até que fura
trava a língua trova
palavra
tanto parva até que prova
baba lava a língua
poesia
tanto pinga até que expia
boba a língua é um dedo
de prosa
lambe o medo até que goza
ora quem não xinga
não ora
morre com a língua de fora
Nov 18th, 2012 by Christiana Nóvoa
atrás da pipa
a linha voa ao léu
rabiola
rebola e equilibra
a fibra que alinha o céu
da cachola
caraminhola alada
serpente emplumada
biruta de parapente
escuta o tempo sente
corrente leste ascendente
invento quente que vaza
ronda à solta à toa
na réstia de uma brisa boa
que a ponta da asa antecipa
Nov 17th, 2012 by Christiana Nóvoa
o orvalho que lambe o corte
dilui meus vermelhos
;
glóbulos de espelhos
cada gota d’água dá à morte
um tom mais ameno
de mim
…
minha fúria é um jardim
cheio de som
e sereno
Nov 14th, 2012 by Christiana Nóvoa
martelo e não prego
meu nêgo não nego
eu devo e não pago
eu fumo e não trago
a pessoa amada
de quatro em três tempos
eu choro e não mamo
eu amo e não ligo
eu sigo e não lembro
você nada eu ando
caio e não consigo
mas saio ganhando
Nov 14th, 2012 by Christiana Nóvoa
quando o não evapora
um verso sopra no vácuo
verdades eternas;
a obra mora na dobra
do universo
no sovaco da cobra
no vão entre as pernas
Nov 12th, 2012 by Christiana Nóvoa
eu sou um lápis
errando no espaço
entre dois traços
eu sou um lapso
Nov 10th, 2012 by Christiana Nóvoa
qual vaidosa amante
que se enfeita e posa
nua entre o lençol
a lua minguante
em nuvens se deita
à espreita do sol
Nov 9th, 2012 by Christiana Nóvoa
nem todo rato é pardo
nessa úmida via
nicho
entre o bem e o mal
entre o bicho e o bardo
é o tao que mia
miau
Nov 8th, 2012 by Christiana Nóvoa
bem ao fundo um avião
risca de branco a tarde
parada
em bando a passarada
passa raspando e nada
nesse mundo chão
me arde
Nov 7th, 2012 by Christiana Nóvoa
procuro pegadas
vestígios
poemas são armadilhas
de ideias
alcateias caçadas
no escuro refúgio
das madrugadas
Nov 7th, 2012 by Christiana Nóvoa
a chuva chega primeiro
como um aroma
água de cheiro que se toma
antes do chuveiro
Nov 4th, 2012 by Christiana Nóvoa
você jura, saracura
mas é do bico pra fora
vem cheio de quero-quero
que pena, não é sincero
me beija-flor quando eu falo
pra depois cantar de galo
,
eu sou só uma andorinha
mas faço verão sozinha
gaivota voo pro mar
…
coruja demais sou sábia
pra cair na sua lábia
colorido colibri
(e saiba que bem-te-vi,
sabiá, assobiar
para a juriti)
Nov 3rd, 2012 by Christiana Nóvoa
é o pregoneiro é o carro
do pão da pamonha da fruta
e outros nomes impróprios
atropelando o colóquio
entre a poeta e a puta
Nov 2nd, 2012 by Christiana Nóvoa
quando durmo não distingo
dia santo de domingo
o dia é que põe o pingo
gelado no i
do desabrigo
a luz é que faz cair
do céu noturno
o espanto
o peso desperta a dor
à flor do chão
velho amigo
Nov 1st, 2012 by Christiana Nóvoa
sob a derme dorme
o verme enorme
que me come do cóccix
ao pescoço
.
.
.
meu sistema nervoso
Nov 1st, 2012 by Christiana Nóvoa
fendas se lavam
em ondas de lágrimas
torrenciais
,
a mãe natureza em bucólicas
menstruais
Nov 1st, 2012 by Christiana Nóvoa
ouço um mar de ideias
sons sinais a esmo
e eu cá que me esforce
(ou não) por traduzí-los
…
pois agora mesmo
milhares de grilos
declamam epopeias
em código morse
Oct 31st, 2012 by Christiana Nóvoa
não creio em bruxas mas temo
que o demo me chame assim
:
madame mim
.
Oct 28th, 2012 by Christiana Nóvoa
longe uma festa
mas cá pra mim
tenho a floresta
no meu jardim
dá seu coaxo
o príncipe-sapo
e eu até acho
tão lindo o papo
que só o canto
de uma ave rara
comove tanto
…
sapo não fuja
de um cara-a-cara
com uma coruja
Oct 26th, 2012 by Christiana Nóvoa
no fundo do umbigo
resguardo um suspiro
escondido num verso
pra alguma emergência
meu abrigo submerso
à prova de tiro
e de ausência
Oct 25th, 2012 by Christiana Nóvoa
?
com quanto pau
se escreve
uma canoa
que me leve
a algum lugar
:
nem tanto ao mar
nem tanto à toa
à meia-nau
¿
Oct 24th, 2012 by Christiana Nóvoa
a dona é móbile
pêndulo ao vento
moto perpétuo
do pensamento
sempre uma lágrima
risca seu vidro
do pranto ou riso
é prisioneira
a dona é móbile
qual pluma ao vento
muda o momeeentoo
…
em outro pensei!
Oct 20th, 2012 by Christiana Nóvoa
no avesso de mim, reverso
nem tão eu, nem tão diverso
o espelho com quem converso
mesmo em momento adverso
frente a um destino perverso
disperso a dor, tergiverso
divago pelo universo
abuso do controverso
recurso de ver o inverso
dessa vida e vide-verso
Oct 19th, 2012 by Christiana Nóvoa
a primavera
faz o inferno acabar
no tranco
quem espera
um dia alcança
…
o tamanco
pra matar
a esperança
.
Oct 17th, 2012 by Christiana Nóvoa
…
ai que essa vida vem
vai a gente também
cai depois fica bem
trai o amor que não tem
sai de cena sem nem
ai
…
Oct 15th, 2012 by Christiana Nóvoa
a história não vem pronta
prévia; desaponta aqui
desponta ali na outra
ponta uma vitória
régia
Oct 14th, 2012 by Christiana Nóvoa
desço ao poço
tudo ouço nada posso
dizer às pedras
a água sobe
a parede
a sede
até o pescoço
Oct 13th, 2012 by Christiana Nóvoa
chuvinha fina
solando e atrás da cortina
o astro na surdina
Oct 11th, 2012 by Christiana Nóvoa
minha ânsia vermelha
descansa à sombra
na distância entre a boca
e a sobrancelha
Oct 11th, 2012 by Christiana Nóvoa
hoje é tido como fato
que o universo conhecido
é bastante parecido com o neurônio
de um rato
? será o instante o ruído
de uma sinapse
? o colapso de um sonho
? um sintoma
meu sistema foi roído
à queima-roupa
pelo céu da boca
de um rei nu
de roma
.
Oct 8th, 2012 by Christiana Nóvoa
já passa das duas
cães uivam pras luas
(pra lá de onze)
de saturno
que vão é o céu!
saturno é longe
nenhum anel
responde
Oct 6th, 2012 by Christiana Nóvoa
porque hoje é sábado
o mundo está bêbado
pecado é estar lúcido
no reino de lúcifer
e o papel da bíblia
é o que me sóbria
Oct 3rd, 2012 by Christiana Nóvoa
ah se o coração
pensasse
ah se a tua astúcia
amasse
ah se a tua mão
falácia
Sep 30th, 2012 by Christiana Nóvoa
(para bia occhioni)
no antigo solar
vibram novos sons
de um velho piano
no pátio as amigas
desfiam o pano
roto e milenar
das intrigas
desmancham histórias
rebordam seus planos
recriam salões
da memória
Sep 30th, 2012 by Christiana Nóvoa
o mundo vai mal
qualquer dia é natal
que loucura
o presente não dura
um segundo
Sep 26th, 2012 by Christiana Nóvoa
faço trabalhos medonhos
sem suor
nem paga
e um grande amor me deixa só
uma imagem vaga
a vida tem dez mil modos
na verdade todos
sonhos
Sep 24th, 2012 by Christiana Nóvoa
tem nome que esqueço
de um vapor vulgar
que não me cabe
tem cheiro de amor
que dá e some
no imundo
tem brisa fugaz
tem vento do mar
profundo
…
devagar evanesço
.
.
.
cada perfume sabe
seu preço
Sep 17th, 2012 by Christiana Nóvoa
serei aquela que inventa
o solitário marujo
náufrago em árdua tormenta
calhando à ilha onde fujo
serei a areia e a esponja
água-doce e flor-de-sal
a messalina e a monja
no idílio azul de um luau
e eu, bacalhau de quitanda
quimera, mito que nada
serei sereia que anda
rabo-de-arraia que corre
uma água-viva que morre
na praia e acorda molhada
[arquivo em audio >> o canto da kianda ]
Sep 12th, 2012 by Christiana Nóvoa
troque sua cara
por um par
de óculos caros
troque seus dois pés
por um bom carro
troque suas tetas
por funis
de silicone
troque seus dois olhos
por fuzis
e um i-phone
Sep 11th, 2012 by Christiana Nóvoa
eu caderno
sem poema
cada letra
preta arranca
um fonema
da dor branca
em que me interno
Sep 8th, 2012 by Christiana Nóvoa
quimera
você não existe
ou existiu por instantes
mas antes eu já era
triste
Sep 6th, 2012 by Christiana Nóvoa
procura-se homem de espírito
complexo
sem vício moral
para nexo oral
implícito
que explicar tá difícil
Sep 5th, 2012 by Christiana Nóvoa
e a água do mal
a ir e vir
me cansa
alquímica dança
que revolve
o meu sal
lacrimal pedra viva
que me vinga
e coagula
a saliva que solve
o meu elixir
na sua língua
Sep 3rd, 2012 by Christiana Nóvoa
ó deus livrai-me dos chatos
dos crentes
dos literatos
dos ateus
de deus e o diabo
dos vícios
e das virtudes
dos inícios
e finitudes
e por fim
deus meu do céu
oh hell
livrai-te de mim
Sep 2nd, 2012 by Christiana Nóvoa
a musa tem muitas vidas
mil poetas suicidas
sylvia florbela alfonsina
alejandra ana cristina
…
lindas e findas
sem amor
um dia mudo essa sina
quero morrer bailarina
Aug 31st, 2012 by Christiana Nóvoa
na noite sóbria
a lua óbvia
ulula
a antiga esfera
no ponto exato
em que se espera
…
o espaço um ópio
o tempo aflora
o agora inato
e se ela pula?
Aug 25th, 2012 by Christiana Nóvoa
pinga da boa
e de graça
,
faz fila
:
tu quieres
ela não tequila
.
Aug 17th, 2012 by Christiana Nóvoa
quando um bicho caiu na chávena de chá da princesa
o serviçal que lhe servia a mesa
teve um calafrio
despediu-se da ignara vida
já sentindo da espada o fio
na nuca
porém manteve a cabeça ilesa
porque a princesa maluca
tirou da própria nuca uma vareta
e com a vara
pescou do fundo da xícara a casca do bicho
que dissolvida
num instante espichou-se numa fibra estreita e comprida e brilhante e macia e colorida e tão linda como uma longa vereda
e em vez de jogar no lixo
pediu ao servo um tear e teceu inteiro
o fio imenso
fazendo o primeiro lenço
de seda
arquivo de áudio >> o casulo
Aug 15th, 2012 by Christiana Nóvoa
não existe homem santo
não existe rima rica em esperanto
no entanto a gente insiste tanto e fica
esperando
Aug 14th, 2012 by Christiana Nóvoa
dita à meia-boca
saudade pouca
é bobagem
dizer pelo dito
não vale o escrito
que dirá a viagem?
Aug 13th, 2012 by Christiana Nóvoa
nem toda gema
é clara
nem toda pedra
rara
se vê de cara
sob o pó
há que ter pá
e ciência
pra polir
problema
até luzir
poema
Aug 11th, 2012 by Christiana Nóvoa
o humano se reparte:
mulheres são de marte
homens são de menos
Aug 10th, 2012 by Christiana Nóvoa
nossa poesia se extingue
num silêncio bilíngüe
Aug 9th, 2012 by Christiana Nóvoa
meu olho vaza
;
foi um rio que passou
na sua casa
Aug 5th, 2012 by Christiana Nóvoa
samba-canção
molha a calçada
do meu domingo
,
nu vens ao chão
a cada pingo
Aug 4th, 2012 by Christiana Nóvoa
reza a história que um deus
descrente
da própria existência
descriou a ciência
em uma semana
e a arte em um dia
sorridente comeu
dente por dente
a falácia
da humana cultura
que perfura a memória
das galáxias
[arquivo em audio >> xiva ]
Aug 2nd, 2012 by Christiana Nóvoa
o passado é estanque
o futuro abstrato
o instante é uma curva que não se fecha
a flecha do tempo só se dobra
diante do rabo da própria cobra
Aug 1st, 2012 by Christiana Nóvoa
a fala é tosca
mas busca
em boca fechada não entra
música
.
Jul 31st, 2012 by Christiana Nóvoa
a língua
dama do meu palácio
não é uma moça fácil
faz troça
reclama
faz um drama enorme
mas quando adoça
dorme
na sua cama
Jul 30th, 2012 by Christiana Nóvoa
o alado alarido dos bichos da mata
dá canja num arranjo
de serenata
a língua de um anjo cá no meu ouvido
me toca um silêncio
#
lá sustenido
Jul 29th, 2012 by Christiana Nóvoa
estrelinha inscreve
uma pausa breve*
entre linhas cheias
de semicolcheias
*a breve é a nota mais longa que pode ser escrita com uma única figura musical, mas é utilizada raramente, pois sua duração é maior que a maioria dos compassos. [fonte: wikipedia]
Jul 25th, 2012 by Christiana Nóvoa
sob a mangueira
a primavera me cheira
como já queira
Jul 24th, 2012 by Christiana Nóvoa
no ipê-roxo um ovo
rebenta um novo canto
ouro sobre um dia branco
Jul 23rd, 2012 by Christiana Nóvoa
traço um esboço
insisto em rasas
garatujas
o silêncio tem asas
ouço corujas
Jul 21st, 2012 by Christiana Nóvoa
nuvem que passa
me traga
sinais de fumaça
galáxias
que não sei onde
vê-las
(a chuva esconde
as estrelas
mas não apaga)
Jul 19th, 2012 by Christiana Nóvoa
acordo morta
e ainda respiro
o céu continua
seu giro
a lua cumpre
seu turno
e ninguém se importa
nada é pra sempre
eu ainda durmo
nua
Jul 18th, 2012 by Christiana Nóvoa
Jul 17th, 2012 by Christiana Nóvoa
árvore velha à janela
do hospital me parece
que já escutou bem mais prece
que a capela
Jul 16th, 2012 by Christiana Nóvoa
chove tanto
que até telha de amianto
se comove
Jul 15th, 2012 by Christiana Nóvoa
sobra essa ardência funda
que molha tudo
quanto penso
minúsculo grão de areia
no olho incomoda
imenso
a música avisa que acaba
menos pra quem pouco
alcança
silêncio no mar é alto
volta e vem em ondas
vagas
a dança da vida é longa
contudo há quem curta
pacas
sinto muito ainda sou viva
pra sempre já é
pra ontem
no balanço da maré
o vento me traz
alento
as flores de manacá
com o tempo são brancas
são roxas
a brisa mansa me sopra
pra dentro por entre
as conchas
Jul 14th, 2012 by Christiana Nóvoa
nem cristo salva
o sol do amor redentor
da estrela dalva
Jul 12th, 2012 by Christiana Nóvoa
lâmpada fria
fia-te luz do dia
tarde da rua
a lua late
antes da light havia
a via láctea
Jul 7th, 2012 by Christiana Nóvoa
dia tão lindo
que as samambaias choronas
estão sorrindo
Jul 6th, 2012 by Christiana Nóvoa
de A a Z
tudo é seu nome
que eu não sei ler
no caos da fome
Jul 3rd, 2012 by Christiana Nóvoa
com quantos dedos se fez
carne
meu poema
?
pra caber
entre os seis medos
da sua mão pequena
Jun 26th, 2012 by Christiana Nóvoa
depois do rei morto
deposto
a resposta é só
não sei
a alma é sem lei
sem porto
o amor é um deus
sem rosto
Jun 24th, 2012 by Christiana Nóvoa
mar bota fogo
vento pára, a baía
me guanabara
Jun 23rd, 2012 by Christiana Nóvoa
volto ao jasmim
mas que bobagem as rosas
não falam as rosas
exilam
o perfume que roubas
de mim
Jun 18th, 2012 by Christiana Nóvoa
da feia e tosca taça cheia
de graça que tateia
vazia no escuro
em busca do
homem
puro
.
.
.
Jun 16th, 2012 by Christiana Nóvoa
já que a cada hora
seu mundo me esquece
jogo fora um poema
a seus pés mudos
como uma prece
tudo aqui agora
mas você nem lembra
mais da minha poesia
nossa grande obra
olha só que pena
como acreditasse
que a comprida sombra
de uma fé pequena
poderia ainda
salvar o segundo que sobra
do dia que finda
Jun 13th, 2012 by Christiana Nóvoa
a noite lenta
que não termina
vou te contar
a minha lenda
é muito fina
trama tão rara
não se desvenda
nua de cara
teço o que penso
quase em silêncio
lenço por lenço
dispo a retina
com que me olhas
suspenso
com a maciez
sutil de uma mão
que acaricia
uma por vez
as mil e uma folhas
da minha história
era uma vez
…
mas não agora
amanhã talvez
…
[arquivo em audio >> xerazade ]
Jun 13th, 2012 by Christiana Nóvoa
um anel de fumaça
traça o tamanho estranho
do meu mundo
entranho o espaço e não me alcanço
o fundo
sequer um instantâneo
Jun 11th, 2012 by Christiana Nóvoa
Jun 9th, 2012 by Christiana Nóvoa
quase dia a meia-lua
ronda à tonta e não dá conta
da fase que me permeia:
não sei se mínguo ou se cresço
metade sou meio nova
dois terços tô mais que cheia
subo e desço um pé na areia
um na cova
Jun 4th, 2012 by Christiana Nóvoa
deus deu adeus
alá ralou
brahma bebeu
buda debandou
oxalá se exilou
e zeus se escafedeu
vi meu olho na TV
e o ateu não crê
que sou eu
Jun 3rd, 2012 by Christiana Nóvoa
peço conselhos
a um velho sábio
e violento
invento o futuro :
jogo de espelhos
no céu distante
; a norte a sorte a sul o firmamento
; poente a oeste a leste o nascimento
; ao tempo a morte a marte o movimento
meço o instante
obscuro e lábil
com astrolábio e sextante
May 29th, 2012 by Christiana Nóvoa
tudo o que sei do corpo é que é preciso
e digo isso num sentido vário
de necessário a se saber sentido
salgado quente ardido fá vermelho
e ainda pelo mistério do perfeito
mísero gozo que nos arrebata
mas que não mata antes da hora exata