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Monthly Archive for March, 2012

a cinza

  catar os restos de um verso triste   exumar o adeus   ,   deus se existe é nos pequenos gestos   .

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a mandíbula

  32 vácuos me mordem   e os dentes do caos na mais perfeita ordem   .

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o beija-flor

  colibri furta-cor rabisca com o bico um arabesco verde cor de céu na boca de mel na coxa   uma sede em cada flor roxa do hibisco    

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alvorada

  o sapo coaxando a cigarra chia uma prece a araponga buzina   o dia, uma fresta na cortina   a vida se aquece na floresta como orquestra cochichando na coxia        

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o vagão

  consumo é um trem que vem com tudo contudo sem conteúdo .

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peripatética

  quem anda tira de letra a trilha na ponta da sapatilha .. entra de sola não solta a tira a sandália da andarilha      

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a flauta

  sopro imaginário é o som de um suspiro um assovio um fio suspenso por dentro , do lado de fora do aquário vazio em que vivo e penso que respiro ,    

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mercadolivre

  procuro urgente um futuro bem-passado embrulhado pra presente        

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a gota

  a última lágrima é sempre a mais leve difusa   furtiva lástima convulsa   ;   lava o que me leva vela quanto pesa   ,   livre o que me vive vale quanto pulsa   .    

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