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Monthly Archive for November, 2012

popol vuh

  na noite do apocalipse maia quero morrer na praia do mar morto   e amanhecer num porto na terra do filho   todos plenos do mesmo milho sob vênus   e o astro da guerra que se eclipse          

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a impermanência

  nada é eterno nem quando é lindo nem no cinema   acabou o caderno antes do fim do            

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summertime ’68

  janis sem jimi roque sem roll   nada nesse show me exprime   se eu gritar quem sou é crime      

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a fábula

  em nuvens desliza sonhando com a vida a bela adormecida   desmancha-se em ondas castelos de areia a linda sereia   mil e um tons de cinza borralha uma tela a gata cinderela   rubor que não estanca derrete-se ferve a branca de neve   …   o amor dando trova e o rei […]

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a rendeira

  samambaias e avencas às pencas infiltram as frestas os muros de cal   nas pedras o limo é lindo é limpo ver como as saias do tempo filtram o quintal das nossas festas          

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a alegria

  estia o avô e o neto vão passear   o dia abriu o teto solar      

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o ramalhete

  cai sobre a ponte a flor acesa do agora   a aurora pega o horizonte de surpresa      

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xingu

    não se apreça um rio ; seu fim é só o começo seu preço é um leito vazio      

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condensação

  passarada se recolhe mais cedo vai-se a cantoria   a luz desce a copa do arvoredo desfolha   parece que o dia encolhe quando molha      

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o banho

    a gueixa sonhou que a rã de bashô é fã do seu ofurô        

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metalingüística

  toda língua é mole é dura tanto engole até que fura   trava a língua trova palavra tanto parva até que prova   baba lava a língua poesia tanto pinga até que expia   boba a língua é um dedo de prosa lambe o medo até que goza   ora quem não xinga não […]

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o cabelo

  atrás da pipa a linha voa ao léu rabiola   rebola e equilibra a fibra que alinha o céu da cachola   caraminhola alada serpente emplumada biruta de parapente   escuta o tempo sente corrente leste ascendente invento quente que vaza   ronda à solta à toa na réstia de uma brisa boa que a ponta […]

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lady macbeth

  o orvalho que lambe o corte dilui meus vermelhos ; glóbulos de espelhos   cada gota d’água dá à morte um tom mais ameno de mim   …   minha fúria é um jardim cheio de som e sereno        

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a promissória

  martelo e não prego meu nêgo não nego eu devo e não pago   eu fumo e não trago a pessoa amada de quatro em três tempos   eu choro e não mamo eu amo e não ligo eu sigo e não lembro   você nada eu ando caio e não consigo mas saio […]

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o sulco

  quando o não evapora um verso sopra no vácuo   verdades eternas;   a obra mora na dobra do universo   no sovaco da cobra   no vão entre as pernas        

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errância

  eu sou um lápis errando no espaço entre dois traços     eu sou um lapso      

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a bela

  qual vaidosa amante que se enfeita e posa nua entre o lençol   a lua minguante em nuvens se deita à espreita do sol      

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o meio-fio

  nem todo rato é pardo nessa úmida via nicho entre o bem e o mal   entre o bicho e o bardo é o tao que mia   miau        

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brancas nuvens

  bem ao fundo um avião risca de branco a tarde parada   em bando a passarada passa raspando e nada nesse mundo chão me arde        

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a onça

  procuro pegadas vestígios   poemas são armadilhas de ideias   alcateias caçadas no escuro refúgio das madrugadas    

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o vapor

  a chuva chega primeiro como um aroma   água de cheiro que se toma antes do chuveiro    

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o pica-pau

  você jura, saracura mas é do bico pra fora vem cheio de quero-quero que pena, não é sincero me beija-flor quando eu falo pra depois cantar de galo , eu sou só uma andorinha mas faço verão sozinha gaivota voo pro mar … coruja demais sou sábia pra cair na sua lábia colorido colibri […]

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o intruso

  é o pregoneiro é o carro do pão da pamonha da fruta e outros nomes impróprios atropelando o colóquio entre a poeta e a puta      

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dia dos mortos

  quando durmo não distingo dia santo de domingo   o dia é que põe o pingo gelado no i do desabrigo   a luz é que faz cair do céu noturno   o espanto   o peso desperta a dor à flor do chão   velho amigo    

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o simpático

  sob a derme dorme o verme enorme que me come do cóccix ao pescoço . . . meu sistema nervoso    

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sandy

  fendas se lavam em ondas de lágrimas torrenciais   ,   a mãe natureza em bucólicas menstruais      

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o telégrafo

  ouço um mar de ideias sons sinais a esmo e eu cá que me esforce (ou não) por traduzí-los   …   pois agora mesmo milhares de grilos declamam epopeias em código morse    

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