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Category Archive for '100seleta'

o anjo

  alto lá seu moço seu silêncio é um grito agudo   cale mais baixo mais grosso mais fundo   seja macho diga algo bonito agora   ou eu levito e voo embora      

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a lágrima

  o pranto é o orvalho que aflora de dentro pra fora da planta   é o diamante do último instante antes da aurora   é a seiva viva do talho é a saliva é o orgasmo é a fonte santa   ,   o líquido espanto o espasmo de quem chora   respinga estrelas no manto de […]

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odoyá

  dia de iemanjá me água uma sede boa , ar de concha à toa na rede de proa da escuna , líquido elemento onda de amar entro numa , já me quebra um mar por dentro , o resto é espuma                  

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lady newton

  apesar da poesia meu peso é preso a leis mesquinhas : contas todo mês fome todo dia e a morte no fim . pessoas são sozinhas . da solidez que solapa a si própria nem o papa escapa . de mim        

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a partitura

    ópera longa faço quatro (ou mais) atos sinfonia dos compassos dispersos de uma melodia que alguém ao longe assovia à espera dos meus versos compactos .          

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a agenda

  não tenho planos não quero nada ando ocupada sonhando oceanos   e se o meu tempo faltar um pingo ainda agendo morrer domingo    

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a serpente

  o desejo é um desterro no paraíso , ter o outro é um erro tátil do juízo , não é fácil ser volátil como um beijo neste couro réptil em que rastejo            

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a videira

  quem ainda vinha vinde   quem definha finde   quem duvida cinde   a vida é um brinde ao breve   ,   quanto mais a uva passa tanto mais leve a taça que me bebe          

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o abismal

  sob a fina espessura humana tem um furo de infinita fundura   não passa a luz nem o escuro não passa   não tem submarino que possa com o fino da fossa das marianas   o nó da garganta a fenda do poço o findo caminho   ,   o oco da santa a […]

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    branco é o buraco negro que engole o meu olhar sanpaku        

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o quasar

  sonho uma estrela pura aura bólida pulsando o espaço   luz que sol vê-la me deixa lua sem terra à vista   objeto em órbita sou eu na sua assim de soslaio   trajeto é um traço o raio que dista do seu abraço        

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a onda

  vaga no mar divago   devagar apago o pesar da minha fita   meditar me edita      

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a dama de paus

  valete de copas perdido num castelo de cartas de amor   uns 7 copos de vidro sobre capas de disco voador   um quartzo rosa pra vencer o medo   um dedo de prosa num guardanapo   um anjo sem braço ornado com um laço de esparadrapo   ,   no caos do quarto me […]

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a caça

  a fome de um homem mostra o seu dente marca o seu nome   :   a carne não mente você é quem você come          

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o arrebol

  quando o dia vinga e inda vaga a lua unha sobre a teia tênue de luz , vênus se insinua o astro-rei se inflama , o mar uma língua treme sobre a areia líquidos sedentos , obscenos os ventos com suas mãos redondas arrepiam ondas como corpos nus , a terra uma cama onde […]

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zenão

  perde o alvo quando mira forja o arco enquanto atira fura e salva cura e ferra   flecha objeto troço metálico fálico tóxico quando pára é paradoxo quando mudo berra   ;   se o voo é a meta o amor sempre acerta mesmo quando erra a seta      

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vestígios

  o céu deixa um pedaço de si na poça depois da chuva   e a boca fica roxa depois do picolé de uva   na contramão da sua rua perdi um pé do meu sapato   no bolso de um velho casaco achei minha mão na sua luva        

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! eparrei

  onde é breu meu traço brilha   como aço dando um talho na manhã   não nasço eu raio   filha de iansã        

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o tricot

. novelos de versos idos em fios meus dias cumpridos , tessitura de cabelos tecidos dispersos , escura matéria morta que tudo embrulha , é muita linha torta pra pouca agulha .

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a água

  a substância de que sou feita é a lembrança de um entressonho da infância que diluo   sou o que suo o que sangro o que choro por cada poro   ora rio ora morro   ora escorro ora evaporo o oceano   ser o mar é meu humano brinquedo   desde cedo tudo imerso nada […]

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a impermanência

  nada é eterno nem quando é lindo nem no cinema   acabou o caderno antes do fim do            

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summertime ’68

  janis sem jimi roque sem roll   nada nesse show me exprime   se eu gritar quem sou é crime      

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a rendeira

  samambaias e avencas às pencas infiltram as frestas os muros de cal   nas pedras o limo é lindo é limpo ver como as saias do tempo filtram o quintal das nossas festas          

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o ramalhete

  cai sobre a ponte a flor acesa do agora   a aurora pega o horizonte de surpresa      

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metalingüística

  toda língua é mole é dura tanto engole até que fura   trava a língua trova palavra tanto parva até que prova   baba lava a língua poesia tanto pinga até que expia   boba a língua é um dedo de prosa lambe o medo até que goza   ora quem não xinga não […]

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o cabelo

  atrás da pipa a linha voa ao léu rabiola   rebola e equilibra a fibra que alinha o céu da cachola   caraminhola alada serpente emplumada biruta de parapente   escuta o tempo sente corrente leste ascendente invento quente que vaza   ronda à solta à toa na réstia de uma brisa boa que a ponta […]

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lady macbeth

  o orvalho que lambe o corte dilui meus vermelhos ; glóbulos de espelhos   cada gota d’água dá à morte um tom mais ameno de mim   …   minha fúria é um jardim cheio de som e sereno        

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a promissória

  martelo e não prego meu nêgo não nego eu devo e não pago   eu fumo e não trago a pessoa amada de quatro em três tempos   eu choro e não mamo eu amo e não ligo eu sigo e não lembro   você nada eu ando caio e não consigo mas saio […]

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errância

  eu sou um lápis errando no espaço entre dois traços     eu sou um lapso      

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a bela

  qual vaidosa amante que se enfeita e posa nua entre o lençol   a lua minguante em nuvens se deita à espreita do sol      

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o vapor

  a chuva chega primeiro como um aroma   água de cheiro que se toma antes do chuveiro    

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o pica-pau

  você jura, saracura mas é do bico pra fora vem cheio de quero-quero que pena, não é sincero me beija-flor quando eu falo pra depois cantar de galo , eu sou só uma andorinha mas faço verão sozinha gaivota voo pro mar … coruja demais sou sábia pra cair na sua lábia colorido colibri […]

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dia dos mortos

  quando durmo não distingo dia santo de domingo   o dia é que põe o pingo gelado no i do desabrigo   a luz é que faz cair do céu noturno   o espanto   o peso desperta a dor à flor do chão   velho amigo    

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o simpático

  sob a derme dorme o verme enorme que me come do cóccix ao pescoço . . . meu sistema nervoso    

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o papel

  no avesso de mim, reverso nem tão eu, nem tão diverso o espelho com quem converso   mesmo em momento adverso frente a um destino perverso disperso a dor, tergiverso   divago pelo universo abuso do controverso recurso de ver o inverso dessa vida e vide-verso    

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a maçã

  minha ânsia vermelha descansa à sombra na distância entre a boca e a sobrancelha    

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assim em cima como embaixo

  hoje é tido como fato que o universo conhecido é bastante parecido com o neurônio de um rato   ? será o instante o ruído de uma sinapse ? o colapso de um sonho ? um sintoma   meu sistema foi roído à queima-roupa pelo céu da boca de um rei nu de roma .

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o chamado

  já passa das duas cães uivam pras luas (pra lá de onze) de saturno   que vão é o céu!   saturno é longe nenhum anel responde        

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  porque hoje é sábado o mundo está bêbado pecado é estar lúcido no reino de lúcifer e o papel da bíblia é o que me sóbria    

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a miríade

  faço trabalhos medonhos sem suor nem paga   e um grande amor me deixa só uma imagem vaga   a vida tem dez mil modos   na verdade todos sonhos      

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ambar gris

  tem nome que esqueço de um vapor vulgar que não me cabe   tem cheiro de amor que dá e some no imundo   tem brisa fugaz tem vento do mar profundo   …   devagar evanesço . . .     cada perfume sabe seu preço    

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a barganha

  troque sua cara por um par de óculos caros   troque seus dois pés por um bom carro   troque suas tetas por funis de silicone   troque seus dois olhos por fuzis e um i-phone      

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o classificado

  procura-se homem de espírito complexo sem vício moral   para nexo oral implícito que explicar tá difícil      

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a plêiade

  a musa tem muitas vidas mil poetas suicidas   sylvia florbela alfonsina alejandra ana cristina … lindas e findas sem amor   um dia mudo essa sina quero morrer bailarina    

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blue moon

  na noite sóbria a lua óbvia ulula   a antiga esfera no ponto exato em que se espera   …   o espaço um ópio o tempo aflora o agora inato   e se ela pula?    

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o casulo

  quando um bicho caiu na chávena de chá da princesa o serviçal que lhe servia a mesa teve um calafrio   despediu-se da ignara vida já sentindo da espada o fio na nuca   porém manteve a cabeça ilesa porque a princesa maluca tirou da própria nuca uma vareta   e com a vara pescou do fundo da […]

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godot

  não existe homem santo não existe rima rica em esperanto no entanto a gente insiste tanto e fica   esperando             [arquivo em audio]

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a opala

  nem toda gema é clara   nem toda pedra rara se vê de cara sob o pó   há que ter pá e ciência pra polir   problema   até luzir poema        

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xiva

  reza a história que um deus descrente da própria existência   descriou a ciência em uma semana e a arte em um dia   sorridente comeu dente por dente a falácia   da humana cultura que perfura a memória das galáxias         [arquivo em audio >> xiva ]

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o hádron

  o passado é estanque o futuro abstrato o instante é uma curva que não se fecha   a flecha do tempo só se dobra diante do rabo da própria cobra      

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a murucututu

  traço um esboço insisto em rasas garatujas   o silêncio tem asas ouço corujas    

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o fumo

    nuvem que passa me traga sinais de fumaça   galáxias que não sei onde vê-las   (a chuva esconde as estrelas mas não apaga)    

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o sonho

  acordo morta e ainda respiro   o céu continua seu giro a lua cumpre seu turno e ninguém se importa   nada é pra sempre eu ainda durmo nua    

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  lâmpada fria fia-te luz do dia tarde da rua   a lua late antes da light havia a via láctea    

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o dígito

  com quantos dedos se fez carne meu poema ? pra caber entre os seis medos da sua mão pequena      

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trabalhos de psiquê

  depois do rei morto deposto a resposta é só não sei   a alma é sem lei sem porto o amor é um deus sem rosto    

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xerazade

  era uma vez a noite lenta que não termina   vou te contar a minha lenda é muito fina   trama tão rara não se desvenda nua de cara   teço o que penso quase em silêncio lenço por lenço   dispo a retina com que me olhas suspenso   com a maciez sutil […]

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selene

  quase dia a meia-lua ronda à tonta e não dá conta da fase que me permeia: não sei se mínguo ou se cresço   metade sou meio nova dois terços tô mais que cheia subo e desço um pé na areia um na cova    

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a boca

  mais busco o silêncio que se desprenda como um furo estreito da renda como o final brusco da música   a falta de ar súbita   o vazio perfeito diante do imenso   no oceano deserto uma única ilha   essa falta filha da puta     .       foto: mercedes lorenzo […]

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a nuvem

  vivo onde o tempo faz a curva e nem sei mais   onde a chuva começa onde cessa o mar que me atravessa    

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a janela

  o desejo não usa a porta entra pela fresta , faz festa não se comporta pulsa e aperta abusa e a blusa aberta    

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a pétala

  a manhã fria me fere , o dia adere à pele por teimosia .    

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a mandrágora

  a madrugada é escura uma aurora prematura   uma noite que dura além da hora é uma draga uma agrura   é uma maga obscura é uma ruga que chora uma drogada   é a mágoa rogada é a jura é a água pura da mulher amada       [ arquivo em audio >> a mandragora ]

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flagrante delito

  olho pro lado: ninguém por perto , disfarço e aperto um fraseado .

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o fóton

  a insubstância da luz é o amálgama entre a ânsia e o meu dia fragma     .

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a cinza

  catar os restos de um verso triste   exumar o adeus   ,   deus se existe é nos pequenos gestos   .

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a mandíbula

  32 vácuos me mordem   e os dentes do caos na mais perfeita ordem   .

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alvorada

  o sapo coaxando a cigarra chia uma prece a araponga buzina   o dia, uma fresta na cortina   a vida se aquece na floresta como orquestra cochichando na coxia        

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o vagão

  consumo é um trem que vem com tudo contudo sem conteúdo .

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revoada

  saem as moças pro trottoir:   à luz da rua um paná-paná de mariposas de lupanar   ~ ~~  

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soneto da boba da corte

caí aqui de passagem não tenho carro ou bagagem vago com a cara e a coragem de errar e seguir viagem   meu caminhar é ligeiro num passo ando o mundo inteiro não me troco por dinheiro fabrico ouro verdadeiro   confesso que não venci mas um dia fico rica rica-de-marré-de-si   o universo está […]

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penélope

  à noite teço desde o começo um véu de túneis no fim do céu espesso    

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exorcismo

  lavro versos curtos como orações   palavras são legiões de demônios expulsos   corto advérbios pronomes   poupo os pulsos   .    

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kundalini

  não sou santa tenho buda só descanso em kama sutra   via dutra quando alinha minha espinha aos chakras teus   é um deus nos sacuda …    

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eco a narciso

  da teimosia de que eu peco … eco do pensamento que me aturde … urde como que por encanto surge … urge a sua imagem que disseco … seco   se essa voz débil que re-clama … lama fosse punhal que a vida amola … mola veria no amor que descola … escola portal da luz […]

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na veia

  viver é um vício, socorro ! um dia ainda morro disso .    

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a fonte

  jorram parábolas lágrimas pródigas ; meu olho é pálpebra pra toda ópera

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adeus ano velho

  venta um ar vário varrendo as fendas e há folhas tantas atrás do armário  … nas fundas sendas do itinerário vai pras calendas meu calendário   .    

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bem-te-ouvi

  despertador toca lá fora , um sopro aflora de cada ninho : cantiga de acordar passarinho    

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pela boca

  o peixe pisca ; pra isca que o pesca .     [repescado da caixa de comentários do poema ‘água na boca’ (2009) >> https://novoaemfolha.com/2009/10/agua_na_boca.html ]   

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mata-borrão

  por mais que eu minta minha folha fina e branca não estanca tanta tinta , por mais que eu tente (e tento opaca!) minha casca quando molha é transparente      

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maresia

  eu sou a ferrugem lenta e salgada que lambe e te come pela beirada ; dulcíssima fome que rói teus espelhos na vertigem dos meus lábios vermelhos      

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o que quer uma mulher?

  o que quero? eu me pergunto : quero arte em cada assunto quero rir e gozar junto quero todo amor do mundo e se não for pedir muito quero melão com presunto   .      

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moira

  escrevo como quem fia , do emaranhado puxo um punhado até dar linha , e afino à unha a ver se me atrevo a chamar poesia ; escrevo como quem tece sem gabarito um pano curto de trama torta , a ver se amortece o impacto surdo do meu enlevo no céu finito ; […]

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locomotiva

  estar morto ou vivo tem motor não tem motivo   .  

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  o ousado goza  ; o orvalho lambe o espinho e molha a rosa ,

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sísifo

. o seu desleixo rolou pelo meu queixo como um seixo .

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corpuschristi

  meu corpo aflito só tem fé nos elementos   tenho pressa meu reino não é deste distrito   nada menos que o sangue infinito me atravessa   . . .

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lição de anatomia

\ a dor é dura lâmina que me retalha a ânima em fatias muito finas , árdua finura que a minha mortalha fria examina sem qualquer intuito de cura . .

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  , em última análise eu sempre prefiro uma fotossíntese .

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