escrevo
como quem fia
,
do emaranhado
puxo um punhado
até dar linha
,
e afino à unha
a ver se me atrevo
a chamar poesia
;
escrevo
como quem tece
sem gabarito
um pano curto
de trama torta
,
a ver se amortece
o impacto surdo
do meu enlevo
no céu finito
;
escrevo
como quem corta
.
É trabalho de fiação mesmo, e muito mais difícil, pois as palavras não são todas iguais como uma linha de um novelo, cada uma tem sua individualidade, sua textura, sua cor, sua nuance.
E para tecer um tapete que retrate poesia, há que ter planejamento e sensibilidade, para aproveitar todas (ou muitas delas) pontadas de intuição, que se ajustem ao
tamanho do pano.
Complicado também discernir o momento certo de cortar. O final nem sempre apresenta a legenda ‘FIM’, como seria desejável.
Se as moiras eram três, o poeta tem que reunir as três funções numa só pessoa (nao é, Pessoa?). Para muitos lhes faltam ‘o engenho e a arte’. Neste recanto não faltam.
_Beijos.
Muito agradecida por seus comentários, tesco! Fico feliz que minhas parcas (ou moiras) palavras encontrem eco em sua leitura. Volte sempre! Beijos.