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moira

 

escrevo

como quem fia

,

do emaranhado

puxo um punhado

até dar linha

,

e afino à unha

a ver se me atrevo

a chamar poesia

;

escrevo

como quem tece

sem gabarito

um pano curto

de trama torta

,

a ver se amortece

o impacto surdo

do meu enlevo

no céu finito

;

escrevo

como quem corta

.

 

 

2 Responses to “moira”

  1. tesco says:

    É trabalho de fiação mesmo, e muito mais difícil, pois as palavras não são todas iguais como uma linha de um novelo, cada uma tem sua individualidade, sua textura, sua cor, sua nuance.
    E para tecer um tapete que retrate poesia, há que ter planejamento e sensibilidade, para aproveitar todas (ou muitas delas) pontadas de intuição, que se ajustem ao
    tamanho do pano.
    Complicado também discernir o momento certo de cortar. O final nem sempre apresenta a legenda ‘FIM’, como seria desejável.
    Se as moiras eram três, o poeta tem que reunir as três funções numa só pessoa (nao é, Pessoa?). Para muitos lhes faltam ‘o engenho e a arte’. Neste recanto não faltam.
    _Beijos.

  2. Muito agradecida por seus comentários, tesco! Fico feliz que minhas parcas (ou moiras) palavras encontrem eco em sua leitura. Volte sempre! Beijos.

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