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Category Archive for '100seleta'

a murucututu

  traço um esboço insisto em rasas garatujas   o silêncio tem asas ouço corujas    

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o fumo

    nuvem que passa me traga sinais de fumaça   galáxias que não sei onde vê-las   (a chuva esconde as estrelas mas não apaga)    

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o sonho

  acordo morta e ainda respiro   o céu continua seu giro a lua cumpre seu turno e ninguém se importa   nada é pra sempre eu ainda durmo nua    

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  lâmpada fria fia-te luz do dia tarde da rua   a lua late antes da light havia a via láctea    

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o dígito

  com quantos dedos se fez carne meu poema ? pra caber entre os seis medos da sua mão pequena      

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trabalhos de psiquê

  depois do rei morto deposto a resposta é só não sei   a alma é sem lei sem porto o amor é um deus sem rosto    

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xerazade

  era uma vez a noite lenta que não termina   vou te contar a minha lenda é muito fina   trama tão rara não se desvenda nua de cara   teço o que penso quase em silêncio lenço por lenço   dispo a retina com que me olhas suspenso   com a maciez sutil […]

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selene

  quase dia a meia-lua ronda à tonta e não dá conta da fase que me permeia: não sei se mínguo ou se cresço   metade sou meio nova dois terços tô mais que cheia subo e desço um pé na areia um na cova    

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a boca

  mais busco o silêncio que se desprenda como um furo estreito da renda como o final brusco da música   a falta de ar súbita   o vazio perfeito diante do imenso   no oceano deserto uma única ilha   essa falta filha da puta     .       foto: mercedes lorenzo […]

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a nuvem

  vivo onde o tempo faz a curva e nem sei mais   onde a chuva começa onde cessa o mar que me atravessa    

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a janela

  o desejo não usa a porta entra pela fresta , faz festa não se comporta pulsa e aperta abusa e a blusa aberta    

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a pétala

  a manhã fria me fere , o dia adere à pele por teimosia .    

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a mandrágora

  a madrugada é escura uma aurora prematura   uma noite que dura além da hora é uma draga uma agrura   é uma maga obscura é uma ruga que chora uma drogada   é a mágoa rogada é a jura é a água pura da mulher amada       [ arquivo em audio >> a mandragora ]

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flagrante delito

  olho pro lado: ninguém por perto , disfarço e aperto um fraseado .

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o fóton

  a insubstância da luz é o amálgama entre a ânsia e o meu dia fragma     .

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a cinza

  catar os restos de um verso triste   exumar o adeus   ,   deus se existe é nos pequenos gestos   .

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a mandíbula

  32 vácuos me mordem   e os dentes do caos na mais perfeita ordem   .

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alvorada

  o sapo coaxando a cigarra chia uma prece a araponga buzina   o dia, uma fresta na cortina   a vida se aquece na floresta como orquestra cochichando na coxia        

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o vagão

  consumo é um trem que vem com tudo contudo sem conteúdo .

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revoada

  saem as moças pro trottoir:   à luz da rua um paná-paná de mariposas de lupanar   ~ ~~  

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soneto da boba da corte

caí aqui de passagem não tenho carro ou bagagem vago com a cara e a coragem de errar e seguir viagem   meu caminhar é ligeiro num passo ando o mundo inteiro não me troco por dinheiro fabrico ouro verdadeiro   confesso que não venci mas um dia fico rica rica-de-marré-de-si   o universo está […]

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penélope

  à noite teço desde o começo um véu de túneis no fim do céu espesso    

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exorcismo

  lavro versos curtos como orações   palavras são legiões de demônios expulsos   corto advérbios pronomes   poupo os pulsos   .    

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kundalini

  não sou santa tenho buda só descanso em kama sutra   via dutra quando alinha minha espinha aos chakras teus   é um deus nos sacuda …    

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eco a narciso

  da teimosia de que eu peco … eco do pensamento que me aturde … urde como que por encanto surge … urge a sua imagem que disseco … seco   se essa voz débil que re-clama … lama fosse punhal que a vida amola … mola veria no amor que descola … escola portal da luz […]

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na veia

  viver é um vício, socorro ! um dia ainda morro disso .    

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a fonte

  jorram parábolas lágrimas pródigas ; meu olho é pálpebra pra toda ópera

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adeus ano velho

  venta um ar vário varrendo as fendas e há folhas tantas atrás do armário  … nas fundas sendas do itinerário vai pras calendas meu calendário   .    

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bem-te-ouvi

  despertador toca lá fora , um sopro aflora de cada ninho : cantiga de acordar passarinho    

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pela boca

  o peixe pisca ; pra isca que o pesca .     [repescado da caixa de comentários do poema ‘água na boca’ (2009) >> https://novoaemfolha.com/2009/10/agua_na_boca.html ]   

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mata-borrão

  por mais que eu minta minha folha fina e branca não estanca tanta tinta , por mais que eu tente (e tento opaca!) minha casca quando molha é transparente      

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maresia

  eu sou a ferrugem lenta e salgada que lambe e te come pela beirada ; dulcíssima fome que rói teus espelhos na vertigem dos meus lábios vermelhos      

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o que quer uma mulher?

  o que quero? eu me pergunto : quero arte em cada assunto quero rir e gozar junto quero todo amor do mundo e se não for pedir muito quero melão com presunto   .      

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moira

  escrevo como quem fia , do emaranhado puxo um punhado até dar linha , e afino à unha a ver se me atrevo a chamar poesia ; escrevo como quem tece sem gabarito um pano curto de trama torta , a ver se amortece o impacto surdo do meu enlevo no céu finito ; […]

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locomotiva

  estar morto ou vivo tem motor não tem motivo   .  

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  o ousado goza  ; o orvalho lambe o espinho e molha a rosa ,

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sísifo

. o seu desleixo rolou pelo meu queixo como um seixo .

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corpuschristi

  meu corpo aflito só tem fé nos elementos   tenho pressa meu reino não é deste distrito   nada menos que o sangue infinito me atravessa   . . .

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lição de anatomia

\ a dor é dura lâmina que me retalha a ânima em fatias muito finas , árdua finura que a minha mortalha fria examina sem qualquer intuito de cura . .

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  , em última análise eu sempre prefiro uma fotossíntese .

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  pinga-me um lírio nos cílios ; poesia é o melhor colírio .

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arrepio

  lábil sentido: a língua do silêncio em meu ouvido .

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escrevidão

  “escreve, escrava! és escriba, não nababa”   a musa me usa e morrer livros não me livra   nunca acaba a minha estiva de morder viva a palavra .

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a poça*

  à sombra do lustre rosa a moça posa pro moço qual nem lhe fizesse mossa o assombro   do observador atento sentado ali do outro lado rabiscando em alvoroço intenso   seu repasto um guardanapo o lápis rasgando o lenço mil traços por cada canto da mesa   como quem desse de ombros a moça finge que almoça […]

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a obra é abóbora

  abro a boca da cobra braba no braço   faço a barba da cabra cega no escuro   obro em processo cubro   asso cobre sobre ouro rubro incubo oro abracadabra    me acabo onde recomeço abraço meu próprio rabo oroboro        ver: kundalini, oroboro, abracadabra, cabra, incubação, alquimia, rubedo  

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  estava escrito: se está tudo perfeito vai ter mosquito .    

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‘ garoa pinga gotas da sua sede na minha língua

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‘ traje de chuva:  roupa de cama me cai como uma luva

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eloqüência

a sua ausência fala por si lêncio .

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rosa-dos-ventos

  vivo cigana roda na estrada carta na manga rota na mão   a caravana passa e eu, ladra ganho uma prenda teu coração   um dia amarro minha carroça planto uma roça no teu regaço   por ora solto volto pra praia com um braço do teu mar debaixo da saia   …   gira […]

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