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a água

 

a substância de que sou feita

é a lembrança

de um entressonho da infância

que diluo

 

sou o que suo

o que sangro o que choro

por cada poro

 

ora rio ora morro

 

ora escorro

ora evaporo

o oceano

 

ser o mar é meu humano

brinquedo

 

desde cedo

tudo imerso

nada importa

 

uma garota

remota

esquece o que pensa

e paira suspensa

 

em cada gota

de neblina

uma criança

liquefeita

 

o universo dança

com uma menina

morta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5 Responses to “a água”

  1. LINDO
    BELO
    UNIVERSAL

    mesmo que água
    pura
    de fonte

    tenha e saiba
    a sal

    gostei muito -beijinho

  2. Victor says:

    Refrescante e profundo (na dosagem certa das palavras – jogo lindo e sempre inteligente, com humor e surpresas, que sugerem uma fácil interatividade da parte de quem lê) o texto e o espaço de Nóvoa é quase crístico, na sua distribuição de amor, dosado em cada palavra – poderosa essência (fluidica?) que maneja com maestria… me sinto como um passante (talvez não autorizado) que descobre o por do sol, ou ouve uma música linda na rua tocada por alguém que não sabe direito quem é, mas agradece ao etéreo por esse prazer. Tem sido tão prazeroso ver e rever nóvoaemfolha (sempre que me dá o click) que lembro dos tempos que sorvia a beleza inteligente de Fernando Pessoa ou o “papo” íntimo do texto de Drumond. Sendo que Nóvoa é mais hai-kai em muitas coisas e divertida. Bom, não sei p/ quê escrevo isso… mas, é uma maneira de agradecer.

  3. Parabéns Christiana, você escreve coisas lindas.
    Tiro meu chapéu, para pessoas que tem uma sensibilidade como a sua, e mais, um talento como o seu, para colocar no papel tudo que lhe aflora.
    Um beijo

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