Tá, vamos falar de amor. Eu nunca quis falar de outra coisa, mesmo. A vida é que mudou de assunto, fez parágrafo.
Tudo bem, pode ser que eu tenha tido a intenção de mudar de linha, evitar a onipresente temática mas, como eu ia dizendo, não tem jeito: a roda gira e eu volto sempre ao mesmo ponto. O eterno retorno sobre mim mesma, e é sempre o tal do amor que eu busco: *** O *** encontro, aquele alguém que me faça acreditar que o outro existe. Que vive, respira, pensa e sente tanto quanto eu e, portanto, eu não estou aprisionada irremediavelmente em mim.
Mas vou confessar aqui uma coisinha, entre essas 4 paredes do monitor: eu tenho um pouco de medo dessa perdição também, desse ópio de ser feliz no amor. Já pensou? Feliz, felicíssima, o encaixe perfeito e absoluto!
E aí??? Vai ser o idílio para sempre? Ainda que fosse possível, o que seria realmente lindo, eu temo que ficasse muda, que não quisesse mais escrever uma linha, logo agora que eu estreei meu sitiozinho
Falar o que, amando? Hum
hã
ahhh
e outros murmúrios menos publicáveis? A doce e tacanha linguagem dos amantes tem pouquíssimo valor literário. Chega no máximo a umas imagens românticas de gosto duvidoso, uns diminutivozinhos, uns rasgos de pornografia e outras bobagens iletradas. A felicidade emburrece, e com toda razão. Pra que pensar quando se está feliz? Melhor viver, aproveitar.
Só que eu gosto de escrever também, então fico dividida. Acho que é por isso que eu arrumo uns amores difíceis, quando não totalmente impossíveis. Talvez por isso, até hoje eu não fui capaz de ser totalmente feliz com os amores possíveis.
Acho que, pra aceitar ficar tão burrinha, eu cobro um valor muito alto do amor. Não em demonstrações formais de afeto, neuras de fidelidade e outras pequenezas que empobrecem qualquer romance mas em …”acontecência”: tem que estar acontecendo algo grande, de uma intensidade transformadora. Senão a barganha não me interessa, prefiro ficar comigo mesma, distraída
admirando como pode ser rica a minha solidão.
Não sou infeliz assim, eu juro, nem mesmo amarga ou desiludida. Sou feliz, ou quase, quase o tempo todo, o que não é pouco, ao menos para mim.
Lembrei de um poema da Florbela Espanca que termina assim: Um homem?
quando eu sonho o amor de um Deus!
Exigente, a moça, né? Por certo, devia preferir fazer poemas a encarar um amorzinho medíocre com qualquer zé-mané. Longe de mim querer comparar meus poemitchos aos da portuguesa mas devo ser tão presunçosa quanto ela.
Só tem um problema nessa auto-suficiência narcísica. É que a vida costuma ser surpreendente e ninguém está totalmente garantido contra as flechadas de Cupido.
E se uma hora dessas, sem aviso prévio, o amor pagar pra ver e se apresentar, divino e maravilhoso, à minha frente?
Bom, gente boa, aí eu fico burra na hora, fecho este sítio e vou ser feliz da minha vida.
Pelo menos até o despertador tocar e eu cair da cama.
.
Pra n?dizer que n?falei das flores
Apr 19th, 2005 by Christiana
Pois olhe Chris, eu já não alimento tantas ambições literárias, mesmo porque escritores têm muito a ver com vinhos quando o assunto é necessitar que seus rascunhos envelheçam a fim de peneirar o que não passava de mero vinagre. E eu trocaria, de muito bom grado, o meu blog por uma mulher que me hemburressesse no melhor dos sentidos, trocando os poemas e posts que eventualmente escrevo por bilhetes repletos de apelidos bobos e parvoíces dignas de adolescentes embevecidos pelo melhor dos ópios.
Eu também trocava na hora, Inagaki (no meu caso, por um estupidificador do sexo masculino , de preferência).
O problema é que enquanto tá na orelha e no prólogo, todo romance parece uma beleza. Depois da página 20 é que são elas… ;o)
Bem, se você fechar esse sítio, logo logo irá reabrí-lo; assim que o amor acabar e sentir a necessidade de escrever novamente.
Seu blog é justamente um AMOR.
Preciso te ler mais.
Não se preocupe não, Christiana. Encaixe 101% perfeito e felicidade total não existem (mas 85 % já compensam pacarai). Tem sempre infelicidade, atrito e incompreensão no trabalho, na família, nas amizades e em todas as outras relações humanas em quantidades suficientes pra transformar até o mais feliz dos apaixonados num Van Gogh, Dostoyevski, Rhodin, Beethoven, Olivier, O’Neill, Isadora, Kubrick ou Florbela. Basta ter talento. E isso, todo mundo que vem aqui sabe que você tem de sobra. Também não acho que se “precise” de outra pessoa pra ser feliz no amor (e o amor-próprio, não conta ? hohoho), mas se pintar um rapaz que te intrigue, encante e desafie, dê uma chance pra ele, mesmo que o chão não trema, carrilhões não toquem e explosões de fogos de artifício não encham o céu na primeira vez que seus olhares se cruzarem. Garanto que vale a pena. :o*
Fernando Henrique, agradeço a visita, você que é um amor.
Cynthia, você tem razão que às vezes o chão não treme assim de cara. Tem onda que vem baixinha, com cara de marola, e não deixa de ser tsunami, né não? Mas a gente sabe muito bem reconhecer quando uma coisa extraordinária ACONTECE, pelo tanto que modifica a paisagem. Nem que a gente só tenha uma real dimensão depois que a onda passa…
obs: “(…)alguém que te intrigue, encante e desafie (…)” . Minha amiga, não conhecia seus dotes de bruxa! Você captou nessas palavrinhas meus mais profundos desejos… ;o)
Beijos.
Ia comentar aqui… deixa prá lá, melhor falar do Papa. Referência do próximo post.
***
Amor, afinal, é bom não discutir. Principalmente em épocas tão espirituais, e nem tanto carnais.
Abraço
As mulheres são tão maravilhosamente incompreensíveis;
os homens são tão maravilhosamente incompreensíveis;
o acaso é tão perdidamente incompreensível (…”estavas desprevenida e por acaso eu também…”).
Já passamos dos 6 bilhões? Deve ter alguém que…
Prepare as flores, troque a toalha da mesa, reserve o vinho na adega, contiunue olhando prô céu e prá rua (vai que ele pouse um pouco além só prá surpreender você), viva cada dia como se fosse o primeiro da primavera, abra as portas, e leia todas as receitas para viver um grande amor (“…enquanto dure…”).
O estado de felicidade é tão inebrieante quanto fugaz e reconhecer quando se está feliz é uma glória. Sozinha ou acompanhada.
Sou e sempre fui tão inquieta quanto você.Hoje apaixonada mais pela vida que pelos homens (eu). Quando o coração se acalma um pouco a gente anseia por alguém que tenha um abraço especial, que saiba ouvir, que saiba ser cúmplice. Só isso! Hehehe!
Menina! Esse teu texto assim tão lindo e tão bem escrito como sempre, me tirou do racional. Desculpe o exagero, mas esse assunto leva horas ao redor da mesa, não é?
Beijão! E que Cupido te passe uma rasteira e te faça cair nos braços de um ser especial.;}
Opa, Clarice, Amém! :o)
Pelo menos, amigos maravilhosos eu já tenho, que me brindam generosamente com o melhor de sua sensibilidade. Você é um anjo, querida.
Ricardo, melhor nem falar mesmo, né? Falar o quê? Melhor viver e pronto. Você e a Ângela, pessoas tão especiais que têm um ao outro, são dois grandes sortudos. Aproveitem bem.
Beijos, AMORES!
Numa hora dessas você irá sorrir e abrir os braços para receber esse amor. E ai não irá falar mais de sonhos e, sim, de uma vida. Beijos!
Ô, Renata, bons ventos a tragam, Deus te ouça! Com essa torcida bonita, melhor ainda! :o)
Beijos.
;) Beijos
Você é um geninho, amiga! E os gênios são assim mesmo, simples. Sem sair do solo, conseguem voar.