Não é por nada não mas este sítio é freqüentado por pessoas MUITO especiais.
Pra quem tem preguiça de olhar as caixas de comentários, aqui vai uma seleta do que rolou no nosso Sarau:
Por Alexandre Inagaki:
Não sei falar de mim mas falo
Palavras se escrevem e eu me calo
O tempo é soco e o soco não sara
Rara é a vida e o amor é a máscara
Língua é bala se míngua é a fala
Mas não tenho certeza de nada
Não sei falar de mim mas falo
O tempo se escreve e eu me calo
.
Por Flavio Prada:
Eu não me traio em enganos
Lendo aqui os teus versos
Que os poemas como os panos
Recobrem as verdades, perversos
Invente sim e fale e diga
Porem nao tente esconder
Pois se é mesmo minha amiga
No fundo me fará tudo saber
.
Por Nelson Moraes:
Ela me pede um verso alexandrino
E nos dedos as sílabas fico a contar
Me esquecendo que na hora de poetar
O vate adulto não passa de menino
Culpa minha, ah, essa sina tétrica
Que desde sempre me faz perseguição
Ao invés de nos versos pôr coração
Fico é enredado ao seguir a métrica
Ó, Christiana, que a modéstia me ataque
Mas sonetos mui melhores que o meu
Já estão aí: o do Flavio e o do Inagaki!
.
Por Christiana Nóvoa:
Poeta Nelson, é mesmo quase um soneto
O alexandrino que você me prometeu
E em má emenda eu lhe dedico este terceto
.
Por Maria Helena Nóvoa:
Aqui no nosso solar
(que não é só lar, é festa,
basta puxar a cadeira
que a conversa ou a seresta
vão rolar a noite inteira)
não cabem só acadêmicas
trovas digitais perfeitas
contadas com zelo e fé.
Que ao poema christiano
se junte o de pé quebrado
e à rima flaviana
se una rima sem pé.
Que o alexandrino Inagaki,
desde o berço destinado
a engendrar dodecaversos,
tente repentes que lembrem
Patativa do Assaré.
Que venham versos em sete
com aquela cara de Lorca,
concretos – como os De Campos –
ou hai-kais, que eu duvido
um Bashô mais divertido
que Nelson, nosso Almirante.
Que venham Carpinejares
e também Camões e Dante.
Só não vale sonegar,
por vergonha ou timidez,
o dom, o talento, a veia
e engavetá-los de vez.
Um poeta de coragem,
convidado de um sarau,
levanta-se, pigarreia,
mata cobra e mostra o pau.
.
Por Flavio Prada:
Vejam voces que diferente
Um comment assim se fazer
Estimulado por toda essa gente
Que poetando se põe a dizer.
Tudo começa no inicio, que heresia
Quando a nossa doce Christiana,
Postando uma bela e meiga poesia
Mente e finge sim, mas não engana.
Agora não paro com os versos
Ja está se formando um vìcio
Até na fila do banco, perversos
Me veem à mente sem sacrificio
A moça do bar parece que gosta
Já o cara do posto me olha de lado
A minha vizinha me chama de bosta
Mas eu nao lhe respondo, controlado.
Espero que a coisa prossiga
Para poder voltar e comentar
Porem me permitam que diga
Que blog bom para poetar!
.
Por Renata Maneschy:
O poeta é um fingidor
Assim como a mulher
Ao escrever a sua dor
E disfarçar o que quiser
E se o que quer é amor
E ela o faz por merecer
Em suas palavras há clamor
E um desejo de vencer
Um jardim sem flor
Um luar ao amanhecer
Banho sem frescor
Lágrimas ao entardecer
Metáforas de um escritor
Com medo de enlouquecer
Ver um arco-íris sem cor
E a inocência se perder
Quando cala, sorri
Mas por dentro sente
A realidade destruir
Algum desejo inconsciente
Catarse no divã
Freud, Jung ou Lacan
Tradutores de um mundo invisível
Tecla sap do incompreensível
Deita, fala e analisa
Quem escuta não explica
Só quem vive, sabe
Que ser livre é ser metade
É bobo ou infantil
É maduro ou senil
Mas que diferença há
Entre ver e enxergar?
Nesse palco sou atriz
Nessas linhas sou poeta
Nesse jogo sem juiz
Divagar é o que me resta
Quem cala, consente
Quem fala convence
Quem olha, sente
Se gostar, comente
.
Por Fernando Paiva:
No meio dos Bambas
Um Conga sujinho
Não tenho nada na gaveta
E num momento solene
Eu comendo pipoca na platéia vibrante
As vossas pérolas amadurecidas
Faiscam no sol dos arrecifes
E minhas bolinhas de gude
Desceram ao fundo do mar
Nesse globo todo mapeado
Do falecido Eldorado
Meus olhos ficaram parados
Nessa minha visita ao vosso sobrado
Um pedacinho de horizonte!
Que beleza!
Lá além dele
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Só estou fingindo ser poeta
Pra não levar nariz torcido
Melhor ser palhaço do circo
Só sei andar de bicicleta
Só queria dizer -Oi querida.
E acabei tendo que…
Como se diz mesmo?
.
Por Luiz Biajoni:
o poeta é um miserável desgraçado sem ter onde cair
morto
mesmo nesse estado continua sendo o que sempre foi
.
Por Cynthia Feitosa:
Chego assim, depois da hora
Com a sala já escura,
E a festa há muito acabada
Justifico minha demora
Com a vergonha da feiúra
E da roupa larga e emprestada
Com todos adormecidos,
Deixo num canto, escondido
O meu presente, coitado
Tão pobrinho e mal embrulhado
Um poeminha indigente
Versos sem nenhuma métrica
Profundidade adolescente
Uma ou outra rima tétrica
Não sabe contar nos dedos
Nunca foi alexandrino
Nem sabe o que é um soneto
É um pobre cynthiano
Que só se mostra com medo
Mente ser pós-moderno e urbano
Mas só faz papel de cretino
Ouço um barulho na escada
Será que tem gente acordada ?
Fujo a toda velocidade
Antes que alguém leia – e trema
Com a ruindade do poema
Que era prova de amizade.
.
Por Celso Carneiro:
POETA
Ser poeta!
Será um estado…
uma sensação…
uma emoção…
uma impressão…
elaboração?
Uma profissão,
decerto que não!
Um ofício?
Não, que alívio!
Uma divagação, talvez…
Uma desocupação, certamente.
Mais,
uma pretensão descomunal
de reduzir a versos o anverso da razão;
de transfundir as cores das visões
e desenhar o redemoinho das paixões,
num pedaço raso de papel.
É mais:
o desvario de supor
que tu aí,
que vives no tempo
e cuidas da moeda,
entediado no desencanto das esperanças fugidias,
possas ouvir o canto mudo
de uma poesia pequenina.
.
E aí, quem vai dizer o próximo?
P?las do Sarau
May 1st, 2005 by Christiana
Muito bom, Chris! Faz tempo que espio o seu blog, aqui por cima do muro…que não entendo quase nada de blog, mas, de gente até que eu entendo! E você é muito gente, amiga… igual à Tita Aragón, igual ao Jacques Lerner, a Roseli Fuchs Botta, a Sandra Spatafora, a Lilian, a Lisara, a Sandra Souza, o Paulo Cavalheiro, o Edson, o Max, e tantos outros mais que me surpreendem a cada dia. Dá até esperança de ser humano! Gente que eu vou descobrindo, e a quem eu vou me descobrindo. Te adoro, Chris!
O poeta é um fingidor
Assim como a mulher
Ao escrever a sua dor
E disfarçar o que quiser
E se o que quer é amor
E ela o faz por merecer
Em suas palavras há clamor
E um desejo de vencer
Um jardim sem flor
Um luar ao amanhecer
Banho sem frescor
Lágrimas ao entardecer
Metáforas de um escritor
Com medo de enlouquecer
Ver um arco-íris sem cor
E a inocência se perder
Quando cala, sorri
Mas por dentro sente
A realidade destruir
Algum desejo inconsciente
Catarse no divã
Freud, Jung ou Lacan
Tradutores de um mundo invisível
Tecla sap do incompreensível
Deita, fala e analisa
Quem escuta não explica
Só quem vive, sabe
Que ser livre é ser metade
É bobo ou infantil
É maduro ou senil
Mas que diferença há
Entre ver e enxergar?
Nesse palco sou atriz
Nessas linhas sou poeta
Nesse jogo sem juiz
Divagar é o que me resta
Quem cala, consente
Quem fala convence
Quem olha, sente
Se gostar, comente
:::::::::
Taí Christiana… Minha contribuição “básica” pro seu sarau… Beijos!
Gente, isso não é uma caixa de comentários, é uma caixa de jóias! Cada vez que eu abro, quase caio dura…
Renata, querida, linda contribuição! Seus versos já foram lá pra frente.
Dalva, você é a “Dawn”, agora que eu reconheci… Venha sempre! Mas sai desse muro, mulher, puxa uma cadeirinha e senta aí, que é mais confortável! ;o)
Beijos.
No meio dos Bambas
Um Conga sujinho
Não tenho nada na gaveta
E num momento solene
Eu comendo pipoca na platéia vibrante
As vossas pérolas amadurecidas
Faiscam no sol dos arrecifes
E minhas bolinhas de gude
Desceram ao fundo do mar
Nesse globo todo mapeado
Do falecido Eldorado
Meus olhos ficaram parados
Nessa minha visita ao vosso sobrado
Um pedacinho de horizonte!
Que beleza!
Lá além dele
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Só estou fingindo ser poeta
Pra não levar nariz torcido
Melhor ser palhaço do circo
Só sei andar de bicicleta
Só queria dizer -Oi querida.
E acabei tendo que…
Como se diz mesmo?
Mais pérolas, oba!
Nando, meu rico, você sempre foi poeta! Sabe o que o seu poema me lembrou?
“você lembra, lembra,
naquele tempo eu tinha estrelas nos olhos…
(…)
é, talvez eu seja simplesmente
como um sapato velho…”
(você cantando, é claro!)
ê, tempo bom! …
Que conga sujinho que nada, você será sempre ALL STAR!
Beijos :o*
na onda da tata, só para participar também, rai-cai antigo, de inspiração pessoana:
o poeta é um miserável desgraçado sem ter onde cair
morto
mesmo nesse estado continua sendo o que sempre foi
…
;>)
Uhuu! Valeu, Bia!
Beijo
:o*
Chego assim, depois da hora
Com a sala já escura,
E a festa há muito acabada
Justifico minha demora
Com a vergonha da feiúra
E da roupa larga e emprestada
Com todos adormecidos,
Deixo num canto, escondido
O meu presente, coitado
Tão pobrinho e mal embrulhado
Um poeminha indigente
Versos sem nenhuma métrica
Profundidade adolescente
Uma ou outra rima tétrica
Não sabe contar nos dedos
Nunca foi alexandrino
Nem sabe o que é um soneto
É um pobre cynthiano
Que só se mostra com medo
Mente ser pós-moderno e urbano
Mas só faz papel de cretino
Ouço um barulho na escada
Será que tem gente acordada ?
Fujo a toda velocidade
Antes que alguém leia – e trema
Com a ruindade do poema
Que era prova de amizade.
:o*