As lindas fotos de flores que ilustram os posts acima foram tiradas pela minha talentosa amiga Ana Beatriz Occhioni, que conheci na adolescência (ela estudava com minha prima), depois reencontrei na faculdade e veio a ser, mais tarde, minha sócia na saudosa A Pedra Filosofal, uma simpática loja de cristais e pedras que tivemos no Leblon.
O curioso é que, com vinte e tantos anos e já sócias, quase caímos pra trás um dia ao deparar com esta foto aí ao lado, de 1972, que nos revelou que nossa história começara muito antes do que supúnhamos: estudamos juntas aos três anos, no Jardim-Escola Soneca, e mais: éramos melhores-amigas!
Eu lembro perfeitamente da Aninha, uma menina muito boazinha que tinha 3 pulseiras plásticas (uma vermelha, uma laranja e uma amarela) que batiam uma na outra e faziam “tac-tac-tac”. A Aninha era tão gente-fina que me deixava usar seus coloridos braceletes a maior parte do tempo, e você sabe como esse tipo de generosidade pode ser difícil para as crianças. Mas a Bia (como ficou conhecida mais tarde) já era um espírito superior, e eu ficava sacudindo as pulseirinhas o dia todo, “tac-tac-tac”. Como poderia esquecer de alguém tão especial?
Nesta foto julina, a Aninha é a única sem chapéu. Ela estava um pouco chateada pela falta do adereço, segundo me revelou. Estamos afastadas na foto porque nos organizaram por altura, embora haja controvérsia ali pelo meio e uns meninos tenham se imiscuído no quadro, o que não estava nos planos iniciais. Eu pareço resignada em minha posição: sou a última e menor à direita, com o dedo no nariz. Também estava um pouquinho amuada porque, embora minha mãe me tivesse providenciado um chapéu (além da sainha mais curta da escola), o meu não tinha aquelas tranças acopladas que alimentavam meus sonhos de Rapunzel, já que meus cabelos curtos só podiam ter tranças nas festas caipiras. A Bia, que tinha os cachos tosados como os meus, também queria chapéu com tranças, claro! Que mães insensíveis as nossas, será que nunca tiveram 3 anos?
Tirando o fato de que ela era metros mais alta do que eu (e é assim até hoje), no mais somos parecidas em muitas coisas: capazes de nos emocionar com um show bem rasgado da Maria Bethânia, ou com a simples visão de uma flor no Jardim Botânico. Ah, e ambas deixamos nossos cachos crescerem.
Às vezes ficamos meses sem nos falar, às vezes falamos 5 vezes por dia, por anos. Na verdade não importa, o que nos liga é que conseguimos compartilhar muitas visões e sentidos, às vezes sem nem precisar falar.
Assim, de certo modo, eu sinto as fotos da Bia como as que eu faria, se tivesse o seu talento para a coisa.
Vão lá na página dela e deslumbrem-se com as imagens!
Digam a ela que a maricotinha mandou um beijo. tac-tac-tac.
Retrato das artistas quando jovens
Jul 3rd, 2006 by Christiana
Escrevo aos prantos,centenas de lágrimas saltam juntas dos meus olhos- e junto um largo sorriso estampado no meio do meu rosto!
Nossa história sempre cheia de magia , sensibilidade e incríveis encontros!
Posso te dizer que o talento que tenho para a fotografia ainda engatinha perto do que vc. tem para a escrita.Suas palavras são grandes, enchem o coração , fazem cócegas na alma.
Adorei este nosso novo encontro, minhas fotos sua poesia, meio queijo com goiabada, meio kwini e Bia, meio maricotinha.Te amo para sempre!
Que linda essa amizade! Parabéns, belo texto, eu também fiquei emocionada!
Bjs
Muito bonita essa amizade que você derramou no teclado. Deve ter “cardiografado”, assim como a Bia, cuja página também me encantou. Parabéns!