Feed on
Posts
Comments

Meu pai mandou-me hoje o poema abaixo, escrito por D. Pedro I, por ocasião do falecimento de sua esposa Leopoldina:
Leopold.jpg“Deus Eterno por que me arrebataste
A minha muito amada Imperatriz?
Tua divina vontade assim o quis?
Sabe que o meu coração dilaceraste.
Tu de certo contra mim te iraste,
Eu não sei o motivo, nem que fiz,
E co’aquele direi, que sempre diz:
Tu m’a deste, Senhor, tu m’a tiraste!
Ela me amava c’o maior amor,
E eu nela admirava a honestidade:
Sinto o meu coração quebrar de dor.
O mundo não verá mais n’outra idade
Modelo mais perfeito, nem melhor
D’honra e candura, amor e caridade.”
Dom Pedro I (1798 – 1834)

.
Agora veja a cara dura do gajo: depois de adornar-lhe a coroa com vastos chifres por anos, ainda faz à pobre um mau soneto, de pé quebrado (repare que ora tem 10, ora 9, ora 11 tempos, ui!) e rimas indigentes… e pra dizer que lhe admira… a HONESTIDADE??? Honestamente… se fosse comigo, vinha puxar-lhe as suíças toda noite! Ou melhor, não vinha nada, largava o traste e evaporava rapidinho, exatamente como ela fez. Como diz um amigo meu, muito educado: Olha, você fica aí, que eu vou à merda!
.
Você sabia que foi D. Leopoldina quem primeiro assinou a Independência do Brasil, a 2 de Setembro de 1822, portanto cinco dias antes do famoso grito de D. Pedro? Ele foi a São Paulo, que na época ficava longe do Rio, e ela ficou ocupando interinamente o trono. Quando soube que Portugal preparava uma ação contra o Brasil, teve que tomar a decisão sozinha, antes de consultar o marido, que só foi alcançado pelos mensageiros cinco dias depois, às margens do Ipiranga, onde deu-se então a famosa cena que todos conhecemos.
Mas esta honra, de ter sido a responsável primeira pelo ato da Independência, seu lacrimoso marido não teve a grandeza de lhe atribuir em seu soneto funéreo. Preferiu que ela passasse à história como corna mansa, cândida e caridosa, e, como sempre, a voz do macho falou mais alto…
“Laços fora, soldados! Pela minha honra, pelo meu sangue, pelo meu Deus, juro fazer a independência do Brasil!…” e por aí saiu gritando nosso loquaz imperador, tomando para si todo o mérito da coisa.
.
Deixa estar, Leopoldina, que a vida é locomotiva e um dia você vai apitar!

2 Responses to “Independência ou Morte”

  1. Fê... says:

    É sempre muito agradável passar por aqui.
    E adorei a frase do seu amigo também!
    bjo.

  2. dalva says:

    Uia! esse aqui eu tinha pulado… Mas que tempos, que gentes. Bem, s� mudou o tempo, porque as gentes continuam as mesmas porcarias. Sem t�tulos.

Leave a Reply