Eu penso assim, num poema
as palavras têm muitos sentidos, cinco são o mínimo do senso comum.
O cheiro, veja bem, nem sempre é o que se espera: qui_mera suja o pé na primeira pisada em falso.
E o paladar amargura, tem quem use, não faz meu gosto. Na língua prefiro o que arde.
No mais a voz da musa grafa os lótus que afloram do fundo branco dos murmúrios, antes que murchem no próximo suspiro.
Olha que onda, o que eu disse? nada pois, de olhos abertos sob o som pra ver que tudo.
Polir o verbo bem custa e revela um certo tato e conquanto evite a rudeza nem sempre aumenta o brilho, sobretudo quando encera a falta de.
quem muito lapida às vezes quebra o ladrilho
<mosaico móbile tudo que se move colorido e vário encontra contratempo em sentido anti>
horário
Tem outros muitos sentidos, claro, e obscuros. Figurado, por exemplo: um álbum pra cada boa palavra na banca mais próxima.
Duplo sentido, encontram-se a dois. O verdadeiro, a sós.
Sentido fica quem sente dor de si, depois.
> o que teria sido não sabe o que é bom ; quem não vem não faz sentido <
Sentido tem aonde ir.
Sentido se encontra distraído.
Senta aí e sente o som do meu a _ _ r
no seu
ouvido
.
.
(Publicado originalmente em 10/03/2007, revisado hoje. Lembrei por causa da matéria dO Globo.)
Imediatamente tua poesia me envolve em dois sentidos: visual (poesia concretista) e auditivo (poesia musical). Mas como palavra é imediata mediação, tua poesia me envolve mesmo é em todos os sentidos. Sentidos, significados, significantes, símbolos, sim, sim.
Sim para a tua poesia, Chris.
Bjs,
dp
Oba, Dana, sim-ceramente agradecida! :)
Beijos
nossa!
uau!
carácolis!
putz!
ulalá!
bjs!
Quanto ao texto, Christina, sempre ótimo.
Em relação ao link, quem usa óculos sabe que, sem eles parece que ficamos surdos. Rs!
Christiana, que beleza! Como é interessante e criativa a maneira como você usa as palavras.
Tenho vontade de destacar várias frases, mas “Sentido se encontra distraído” é boa demais e me fez lembrar a Lispector.
googalá!
venha cá!
um
dois
e já!
bjs de caracólis
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Felipe, você que é sempre gentil.
Não uso óculos, deve ser por isso que meu braço anda parecendo curto. Às vezes escuto meio embaçado… :)
Ô Helena… supersuper o teu poema. Invejinha…
Eu tenho andado meio (muito) calada, certamente vivo meu inferno astral, por volta do meu aniversário. Tenho alguns poeminhas em gestação, cutuco daqui, arranho dali… Só cactos! Beijos.
“quem muito lapida às vezes quebra o ladrilho”
esse é o pensamento vigente toda vez que meu virgianismo quer se apossar de mim, e eu enfim encontro no desapego a beleza do que vem de pronto, de súbito, sem muito que pensar.
mas, mesmo assim, tudo é pensado. não é uma beleza?
adoro esse lance dos sentidos, gosto de (ao menos tentar) mesclar todos orgiasticamente nos meus textos.
Brilhante poema!
Dalva, inferno astral somos duas, mas a primavera não tarda! Poesia não há de lhe faltar, flores de cactos pra você.
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Camila, desapego é o tao, o talo do falo pra desvirginar o aqui-agora. Hay que enlouquecer, pero sin perder el mercurio jamás ;)
Seus textos são lindos, mesmo quando ásperos e acres.
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Beijos