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o dia após

na pós-demia a gente se vê
na pós-demia a gente viaja 
na pós-demia a gente vai
à academia

na pós-demia a gente se toca
a gente se pega
a gente se entrega
à orgia 

na pós-demia a gente se esfrega
a gente aglomera na praça e se abraça
todo dia

na pós-demia vai ter natal
vai ter páscoa e carnaval 
são joão e coroação
de maria

vai ter candomblé bar-mitzva 
yoga johrei santo daime
capoeira samba e jongo 
no asfalto e no quilombo

vai ter festinha e festança 
mesversário de criança 
bodas de ouro de prata de giz de papel e lata
batizado de cachorro
papagaio periquito urubu galinha pombo

vai fazer tempo bonito
pra gente juntar na praia
no posto nove lotado
e se beijar sem problema
compartilhar baseado

vai ter teatro e cinema
balé ópera concerto
exposição show de rock
mpb jazz pagode

tudo que não pode agora
vai poder na pós-demia 

todo gozo e todo riso
toda graça e alegria
por tanto tempo contidas

: espera só mais um dia



é pena que a pós-demia 
seja um dia que demora
sempre mais do que se pensa

: a espera já faz um ano

talvez seja uma quimera
e ao fim desse longo túnel
a pós-demia não possa
prometer que há luz lá fora

nem nos livrar do infortúnio 
dessa demora imensa

: um tempo que distancia

nem trazer de volta as vidas
que essa doença 
devora

.

One Response to “o dia após”

  1. E, quando a gente peeeeeensa que vai melhorar, lá vem o golpe! Assim não há lombo que aguente. Haja poesia!!!

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