À falta de fantasia nova para minha misantropia – e na ausência de alguma súbita disposição foliã que me prenda a esta cidade maravilha purgatório da beleza e do caos – deixo uns versos de tempos atrás fazendo as honras da casa durante meu retiro momesco, onde somente o amor há de me lançar perfumes.
carnaval : o aval da carne
entrudo : o nome diz tudo
momo é do balaco, baco
tem álcool pra todo mundo
abram alas, foliões
que o meu fígado é mais fraco
sou meio ruim da cabeça
meio doente do pé
vejam só, quebrei o salto
e nem sei sambar direito
não tenho piercing no umbigo
nem silicone no peito
de tudo que eu mais amava
nos carnavais da infância
dos bailes e das marchinhas
de máscara e fantasia
não ficou mais que a lembrança
qual confete e serpentina
obstruindo os bueiros
na quarta-feira de cinzas
.
as multidões se aglomeram
como surtos se propagam
e os lixeiros é que pagam
a conta dessa folia
Imagem: Degas – Arlequin et Colombine
reaplausos e rebeijos
Pois eu, Helena, nem pra recomentarista ando servindo. Lá de vez em quando perpetro um verso, mas eu queria mesmo é ser você. No duro.
O poema pode ser de 2006, mas é que nem o Rio : vem carnaval, vai carnaval, e ele continua lindo…
;o)
Christiana, disposição foliã até que tive. Ao contrário da sua bela poesia, ainda tenho gosto de ver a ilusão das máscaras do carnaval ao invés da realidade por trás. Mas viajei esse ano e também só fiquei na vontade. Não como uma colombina saudosa, mas como um pierrot platônico. Quem sabe ano que vem, né?
Bjs, Vladimir
Querida Chris…
Estive desNETiado uns tempos e quando volto, de brinde, leio esta delícia…
Pois é, Neste ano tb. troquei a avenida pelas folias da paixão… Quem é bom de samba, sabe que colchão é a passarela de bamba…
Bjsssss (este Re-colombina passou a figurar entre os meus Top 10)
guga,
regracias.
dalva,
reinspira fundo que tudo muda. adoro seus versos, no duro.
cynthia, entra ano, sai ano, e você continua gentil ;)
vladimir,
a vantagem de ser um pierrot platônico é poder idealizar a alegria dionisíaca sem passar pela realidade da muvuca, da confusão, dos excessos. em todo caso, boa sorte pra você no ano que vem :)
mario,
agradecida.
e viva o samba-enredo do bloco do colchão :))
~beijos~
Passei aqui para convidar a fazer uma visita ao meu novo site:
http://www.eucritico.com.br/
Espero que goste!
Abraços,
Eurico
Cadê as poesias!!!!!????
Tô com fome!