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Ei de herrar aimda

monkey.03.jpg Não tenho vergonha de dizer: sou do tipo que erra um bocado, especialmente em público. Macaco é meu signo no horóscopo chinês e, de fato, micos e outros símios me são bem familiares. Aliás pareço ter, desde sempre, uma certa compulsão pelo erro ostensivo, de modo que aproveitei ao máximo cada chance que a vida me ofereceu de expor minhas imperfeições à visitação das gentes. Em criança, fui anjinho de presépio vivo, mãe da noiva em casamento caipira, oradora do dia da Independência, cisne-do-lago em balé-de-fim-de-ano … não que tivesse grandes talentos ou que apreciasse tanto assim os nem sempre efusivos aplausos familiares mas gostava da sensação de sobreviver a mim mesma. Mais tarde fui fazer canto coral, Teatro de Rua e, pior, Teatro Infantil de Shopping, onde vivi a experiência única e inenarrável de panfletar pelos corredores, em pleno verão carioca, vestida de coelho de pelúcia. Hoje em dia, disponibilizo graciosa e voluntariamente minhas asneiras a quem interessar possa, via internet. Um exemplo de dedicação à causa primata.
Mas também sou um espírito oportunista e não deixo passar as ocasiões espontâneas para testar meu fair-play. Já caí sentada com as pernas pra cima ao fim de um almoço de negócios, derrubei cerveja num professor estrangeiro seriíssimo, e olha que eu nem bebo! Meu currículo de vexames, tombos e tropeços faria corar o Inspetor Closeau. E as bobagens de amor, quantas já cometi, e tamanhas? Ah, como sou tolinha!…
Mas não é que estou aqui inteira pra contar a história? Vergonha não mata, garanto por ampla experiência própria, o rubor até irriga a pele e rejuvenesce, faz a gente se sentir criança. Com aquele risinho de traquinagem, a sem-vergonhice íntima de quem está sempre tentando alguma coisa nova. O vizinho que me perdoe e cuide de sua vidraça, porque eu tô aqui é pra brincar e bola fora faz parte.
Deixa estar que eu ainda aprendo. No dia em que eu parar de errar será realmente confortável, um alívio, e quase anseio por este momento: hora de pendurar as chuteiras… e bater as botas.

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