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Hoje é o último dia da Bienal Internacional do Livro, que lota o Riocentro há duas semanas. O terno branco de Tom Wolfe disputou espaço com os cigarros de Lolita Pille nos jornais; mas os grandes sucessos de público – assediados por multidão de fãs – foram MV Bill e o Big Brother Jean Wyllys.
Um romance recém-lançado, do espanhol José Luis Saorín, fala de uma “grande editora que não só mata o romance como também todos os gêneros literários, criando uma fábrica de livros escritos por ‘ghost-writers’, na qual os autores são engrenagens na cadeia de produção e onde não se fala mais em literatura e leitores mas somente em produtos e clientes”. Alguns escritores, às vezes, são profetas.
Moro no Rio e aqui não podemos reclamar de pobreza cultural. Há algum tempo, a Prefeitura gastou 2 milhões de dólares só num “estudo de viabilidades” para trazer o Guggenheim para cá. Os shows nas praias custam somas fabulosas e acontecem com freqüência, não só no réveillon. Trazem Rodin, trazem Monet, trazem Dali e esta agenda cultural é montada com dinheiro assumidamente público ou isenção fiscal, o que dá no mesmo. Nossa condição de platéia custa caro aos cofres brasileiros mas a produção de uma cultura nacional é mais do que precária – é quase inexistente. O músico, o ator, o bailarino, o artista plástico, o cineasta, ainda podem ter a esperança de que a Lei Rouanet, um dia, invista em seu talento. O escritor, coitadinho, tem que rezar para ganhar na Mega-Sena.
Em tempos de Bienal do Livro, o BNDES anuncia novas medidas (junto com o Ministério da Cultura) para editoras e livrarias: empréstimos a partir de 1 milhão de reais e não mais de 10 milhões – só uma editora no Brasil tinha potencial para empréstimos desta monta. E a produção de livros no país, com a desoneração fiscal de fins de 2004, tornou-se totalmente isenta de impostos. Bom, para os empresários do livro. Mas… o que se pensa para os autores de livros?
biotonico_fontoura.jpgNo Almanaque do Biotônico Fontoura de 1943 (não posso ver um Biotônico ou um Abacateirol antigos que não compre, são cultura mais compactada do que na Internet), há uma impressionante relação, sob o título de “Escritores Pobres”: Desde Milton, que vendeu seu Paraíso Perdido por 10 libras, ao que vendeu o corpo para cirurgiões, ao que casou com a lavadeira para pagar dívidas. Além de Camões e Cervantes, que morreram na miséria.
Há um vínculo perverso entre literatura e indigência. Ariosto habitava, no fim de sua vida, uma das casas mais ordinárias da cidade e era o primeiro a gracejar com a magnificência dos palácios que descrevera no Orlando, dizendo que era mais fácil juntar palavras do que pedras. Ou moedas.
As moedas públicas saem para outras áreas culturais e possibilitam a revelação de talentos. Só a literatura é a enjeitadinha das artes. Há o prêmio Camões, vocês dirão, 100 mil euros. Sim, para autor consagrado. Mas, qual o caminho para o escritor talentoso e ainda não editado? Um editor declarou uma vez (não posso jurar que tenha sido o dono da Companhia das Letras mas me parece que era) que só editou duas obras cujos originais lhe chegaram pelos Correios. O escritor precisa ser indicado como escritor para vir a ser um escritor. Absurdo, não?
Qual a chance do escritor talentoso que nasceu no Acre ou no Piauí, não se mudou para o Rio ou São Paulo e não conhece intelectuais que o indiquem? Se a bailarina dança, o ator representa, o peixe nada e o passarinho canta, por que o escritor deve ser funcionário público para se sustentar? Por que lhe cobram que seja ou best seller ou mendigo? Por que não existe escritor classe média, sustentando-se dignamente com aquilo que escreve? Há dinheiro público para financiar a cultura, e o fundamento de quase todas as artes é a literatura, sem dúvida.
Vamos pensar no que custa um filme. E no que custa um livro. Em um ano, um escritor pode escrever seu livro, desde que possa se dedicar a ele todos os dias. Se houvesse verba pública para, todos os anos, premiar dez autores em concurso, se este prêmio fosse algo não menor do que 50 mil, teríamos uma despesa anual de 500 mil (bem menor do que o custo de um filme) com o incentivo à literatura e, com este dinheiro, o autor poderia pensar em passar um ano escrevendo seu próximo livro. Profissionalmente. E não amadoristicamente – no tempo que lhe sobra de outras atividades – ou se sujeitando a viver o mito do artista miserável que morre de fome enquanto engendra a sua obra.
Os festivais de MPB, na década de 60, renovaram a música popular. Os que ainda hoje estão aí, Chico, Caetano, Gil, Edu, etc; etc; foram revelados em festivais e conseguiram furar o bloqueio das gravadoras. O Brasil inteiro mandou fitas para os festivais e as melhores foram selecionadas e apresentadas ao público; ou seja, foi dada visibilidade àqueles compositores e eles iniciaram uma carreira profissional. Lucraram todos, eles e a música.
Por que não há um concurso decente para o escritor iniciante?
Não sei como é a “política literária” em outros países. Aqui no Brasil, é quase impossível ao jovem escritor editar seu livro. Fala-se muito que o brasileiro precisa ler mais; mas não se dá a mínima chance ao escritor inédito brasileiro. E, enquanto “consumimos” música brasileira e dramaturgia brasileira – com as novelas de TV -, e isto é muito bom, lemos Dan Brown: a lista dos 10 mais vendidos, em tempos de estímulo literário provocado pela Bienal, traz 7 estrangeiros e apenas 3 brasileiros: Paulo Coelho (fenômeno mundial), Jô Soares (que chegou à literatura oriundo de outras áreas) e Lya Luft (mulher de dois escritores com trânsito em editoras e que, certamente, nunca mandou um original pelos Correios).
Onde estão os escritores brasileiros, que poderiam ter sido descobertos pelo Ministério da Cultura?

41 Responses to “O ESCRITOR, ESTE POBRE COITADO”

  1. Pinto says:

    MH, assino e sublinho, exceto por essa comparação de escritor com artista pop, que aqui pelo menos não cabe. E, pensando bem, ainda que infelizmente, pelo nível dos artistas pop que temos tido, é melhor que não caiba mesmo…

  2. Flavio Prada says:

    Maria Helena, acho que o problema nasce com a questão mercado. Um livro diante do famigerado mercado, não representa uma manifestação do pensamento ou reflexão que vale a pena ser divulgado e entendido como ferramenta de comunicaçao de ideias e aproximação de seres humanos. Para o mercado, tudo é produto que precisa dar lucro. Ai entra outro fator, o da dominação. Na colonia, o que é bom é o que vem de fora e é evidente que quando os carneirinhos abrem a porta ao lobo ele não pensa duas vezes, ele entra. Por isso penso que uma enorme parcela de culpa (palavra horrivel que raramente uso) seja de grande parte dos proprios intelectuais brasileiros que confundem cultura com erudiçao, ou lustro inutil, ou mesmo sofisticação pernóstica. Cultura é a lingua, os costumes, o que faz com que a gente se entenda, se reconheça como povo, aquilo que conseguimos produzir com nossas mãos e mentes. Cultura NAO é ler livros aos quilos e depois arrotar sabedoria de segunda mão. Cultura é ler os livros que meu compadre escreveu e que me dizem respeito de modo profundo. Maria Helena, acho que o que voce levanta no teu post, é motivo para campanha. Eu desde ja apoio e participo. Em tempo: Maria Helena, nunca mais te chamo de Christiana. é que voces tem blog a quatro mãos e eu sou mesmo confuso. Beijos.

  3. Idelber says:

    Belíssimo post, Maria Helena. “Há um vínculo perverso entre literatura e indigência” é uma frase poderosa, fiquei uns bons minutos pensando nela. Infelizmente, não há nenhuma indicação de que o quadro que você descreve possa se reverter. Uma das coisas que aprendi cedo, muito cedo, é que no Brasil (ao contrário dos EUA, com cujo esquema já me acostumei, ao longo desses 15 anos aqui) é absolutamente contra-producente enviar um manuscrito a uma editora. Ninguem lê, pura e simplesmente. E não é só na literatura, não, na crítica também. Passei anos enviando o manuscrito do meu livro (publicado e premiado em inglês em 1999, publicado e premiado em espanhol em 2000) a editoras brasileiras. Nenhuma delas se dignou sequer a responder. Até que aprendi que no Brasil isso não se faz, há que se “acionar os contatos”. Por sorte, eu os tenho, e o livro saiu pela UFMG em 2003, mas só depois de “acionados os contatos” o conselho editorial foi ver o livro, ver que ele tinha méritos. Ou seja, o pontapé inicial nunca é da ordem do mérito. Há mil problemas no sistema que impera nos EUA, mas lê-se rigorosamente tudo que chega pelo correio, e assim funciona o processo de seleção. É óbvio que de vez em quando rola um QI (quem indicou), mas no geral o processo é completamente impessoal. Essa mediação perene do favor, que é tradição milenar no Brasil, não me agrada muito não. Parabéns pelo post!

  4. Leila says:

    Maria Helena, eu considero este um dos posts antológicos da blogosfera brasileira!!! É uma discussão importantíssima que você está levantando, gostaria de enviar esse teu texto para todos os editores do país e para o Ministério da Cultura, secretarias de estado e município, cadernos literários…
    Eu sempre sonhei em ser escritora, estudei Jornalismo porque era a única forma viável, eu pensava, de ganhar dinheiro decentemente com os meus textos. No entanto, embora a profissão de jornalista seja empolgante e tenha vários “perks”, você não tem muita liberdade criativa, a jornada de trabalho é massacrante e o salário em geral não compensa. Enfim, estou muito longe de realizar o sonho de criança, e gostaria que gerações futuras tivessem mais oportunidades para apostar numa carreira literária.

  5. Maria Helena says:

    É, Leo, escritor não deve ser pop. Até o Papa pode ser mas o escritor não deve. Fere a liturgia do cargo, como diria Sarney, nosso escritor-presidente.
    Beijo saudoso!!

  6. Artur says:

    MH, tenho mais que uma tonelada de dúvidas sobre apoio oficial às artes. E vc, que me ‘conhece’ há alguns anos, sabe que nisso não vai nenhuma dose de ‘mercadismo’.
    As experiências soviéticas nesse campo geraram coletâneas de odes ao trator e os esforços de Elliot no caixa do banco não derrotaram seus textos.
    É só um caveat, digamos.

  7. Maria Helena says:

    Flavio, Idelber, Leila e Artur,
    Acho que dá para conversar com os quatro num único post:
    É possível programar uma carreira. Médicos, engenheiros, advogados, etc.,saem todos os anos das faculdades e caem no mercado. Com mais ou menos talento ou sorte, quase todos podem exercer seu ofício, exibir a sua competência e daí por diante é o que Deus quiser.
    A trajetória do artista é mais complicada mas ainda assim existem escolas de Música, Belas-Artes, Dança, Cinema, Teatro, a possibilidade de formação, inserção no meio e a esperança de que um dia a porta mágica se abra.
    O escritor, quase sempre, bate na porta errada: como quer viver de escrever, vai fazer Jornalismo ou Letras – a maneira mais rápida de não se tornar um escritor. Um amigo pediu demissão de um jornal para conseguir escrever o seu romance; seus capítulos não passavam de 70 linhas, o tamanho das colunas de cinema que escrevia. É outra embocadura, ele dizia, quem pensa que vai melhorar o seu sax tocando flauta 8 horas por dia, estraga a boca para os dois instrumentos. Talvez a redação dos jornais seja a responsável pelo texto dito enxuto, as frases curtas, a ausência de adjetivos, o horror ao ponto e vírgula, a temática urbana e a enxurrada de livros policiais que invadem o “mercado”. Questão de embocadura.
    Como vivemos em país capitalista, onde o mercado dita as regras de qualquer jogo, é ingênuo discutir estas regras – só tem sentido brigar para mudar o jogo. E eu me conformaria em assistir às Xuxas, Galisteus, Gimenez e até Vera Loyola na TV, lamentando apenas que veículo tão poderoso, com potencial para transformar uma nação, tenha um Big Brother como líder de audiência. Fazer o quê? É o mercado.
    Mas, quando dinheiro público interfere neste mercado para regulá-lo em nome da Cultura, aí já me sinto no direito cidadão de dar o meu palpite.
    Acompanho pelos jornais as verbas destinadas à produção artística. Vou, depois, ao cinema e ao teatro conferir estas produções, lamentáveis, muitas vezes. Recuso-me a ir aos shows nas praias, que infernizam o trânsito da cidade, não os vejo e não gosto sem remorso, nem de graça valem a pena mas custam caro aos cofres públicos. O circo é distribuído com mais prodigalidade do que o pão mas o espetáculo costuma ser de baixa qualidade.
    E, se o Cinema, o Teatro, a Música, as Artes Plásticas se beneficiam da bolsa pública, por que não a Literatura? Por que o dinheiro vai para a mão do cineasta, do músico, do grupo de dança, enfim, daqueles que FAZEM arte, e quando se pensa num incentivo à Literatura se pensa em desonerar editores e livreiros e jamais na possibilidade de bancar o escritor para que escreva seu livro? Se um filme ou uma peça de teatro mobilizam uma equipe por meses, em tempo integral, ganhando para trabalhar, por que o livro deve ser escrito numa água-furtada, à luz de velas?
    Acredito que haja gente boa com vontade e talento para escrever, basta dar uma rodada pelos blogs que vamos perceber muito mais do que uma boa redação; vamos identificar em alguns aquela chama indefinível que vai além e transforma o texto em arte. O fato das editoras não terem seus “garimpeiros” e jogarem no lixo, sem ler, os originais que recebem, inviabilizando o único acesso do escritor estreante, é uma pena. Mas é política de empresa e não devemos nos meter. O editor reclama mas ano sim/ano não temos Bienal, as vendas estouram, ele compra um carro novo e o possível escritor vira bancário. São as regras do jogo.
    Porém – ao menos me parece – o Ministério da Cultura está aí para criar outras mesas no cassino. Outros jogos e outras apostas. Sem loas ao trator ou ao MST, é claro. Apostando apenas no futuro e no bom-senso.

  8. Clarice says:

    Corro o risco de comentar entre tantos e tão qualificados leitores, porque na condição de leitora comum, me hasteio como exemplo.
    Tive a graça e privilégio de ter uma mãe, de situação financeira modesta, mas que se endividava para comprar livros para os filhos. Sou leitora compulsiva, acho que desde 7 anos, e dispensaria de bom grado a escola regular por leitura, que é e será sempre a melhor escola. A seleção entre o bom e ruim faz parte do aprendizado.
    Até completar 15 anos aninhava uma idéia romântica do que é ser escritor. Cometi, então, a pasmaceira de entrar em uma competição entre mais de mil alunos e fui colocada na vida real, quando resolveram dividir o primeiro prêmio por considerar que o que eu escrevera era bom demais para não ser cópia de outro autor.
    Aí morreu a escritora exposta.As centenas de páginas ficarão amarelecendo nas prateleiras, não por covardia, mas por não permitir sacrilégios com aquilo de que sou feita.
    Minha cara, escrever, você sabe, não é profissão. É vocação. Exatamente por todos os acidentes(alguns só possíveis de corrigir em outro planeta)tão bem enunciados em seu post.
    Ganhar a vida com a arte? Isso é conversa prá longas madrugadas. Como vender arte, emanação de sentimento? Que preço tem o que dói?
    Quando se coloca na tal academia quem lá está, o que esperar? O que esperar de um país que tem em seus famosos um Paulo Coelho? Atrevida, ouso dizer, um Jorge Amado, chato e repetitivo.
    O que esperar de um povo que idolatra o que consome?
    Tantas Marias Helenas, tantas Christianas, tantos Nelsons afogados em espera!
    Consolo não enche prato, então desejo sorte, inspiração e persistência.
    Puro egoísmo meu. Como sobreviveria sem leitura?
    Eu compraria livros impressos em gráficas de fundo de quintal, patrocinados pelos próprios leitores, para sobreviver como leitora.
    Um abraço solidário. ;}

  9. Maria Helena says:

    Clarice,
    Concordo em que a escola regular poderia, com vantagem, ser trocada pela leitura. E o prazer de ler talvez não pudesse ser trocado por outro prazer.
    E concordo também que é impossível atribuir um preço à arte: quanto valem o Quixote ou o teto da Sistina? Mas é possível – e desejável – que o trabalho seja remunerado. Como lembrava a prática mulher do mestre, o Conselheiro come.
    Não brigo em causa própria, tive sorte para editar meus livros e não fiz o périplo das editoras, pedindo o favor de ser lida. Falo, com toda esta indignação, pelos jovens que só encontram portas fechadas e não têm a combatividade necessária – tão valorizada pelo mercado – para arrombar janelas. O escritor costuma passear pela vida em passos mais leves.
    E mande seus textos, Clarice. Não os deixe amarelecer engavetados.
    Beijo grande!

  10. MarcosVP says:

    Um belo e triste post. Eu, como wannabe de escritor, sou sim, funcionário público para me sustentar – mal. E sim, não há concursos. O único que apareceu nos últimos meses, foi o dos “Contos do Rio”, do Jornal O Globo. Mandei meu conto para lá, na esperança de ser laureado com o único prêmio prometido: a publicação do conto no jornal e posteriormente no livro-coletânea. Não deixa de ser um incentivo. Mas não paga sequer a cerveja da comemoração.

  11. MarcosVP says:

    Ah, só mais uma mazelenta curiosidade: Ano passado, durante seis meses, estive escrevendo meu primeiro romance. Mistério, 257 laudas. Consegui sua revisão com amigos. Estamos em maio e até agora eu só pude mandar dois originais. Cada um custa o preço de um livro, para ser feito, fora o SEDEX. E há coisas mais importantes a serem compradas, como o leite das crianças. Literalmente falando.

  12. MarcosVP says:

    Último, prometo: desculpem o imperdoável gerúndio do comment anterior.

  13. Clarice says:

    Caríssima:
    quero desfazer a impressão que deixei de que julgo a arte indigna de ser remunerada. Muito ao contrário! O que busquei defender foi o direito de sobrevivência independente da produção artística. Cadê os mecenas?
    Quanto valeriam aquelas horas de sofrimento em busca da melhor expressão, da melhor frase, do retoque; aqueles brancos ocasionais; aquela angústia de, quem sabe, mais uma revisão para melhorar o texto? Ele nunca fica perfeito, não é?
    Livros são caros? Sim. Comparados com que coisas? Batons, perfumes, sapatos, vinhos?
    Você sabe, o governo não existe para incentivar nada, muito menos a cultura. (Ai, que vontade de dizer que até a democracia está em tempo de ser reavaliada!)
    Os jovens escritores têm uma madrinha e tanto em você.
    Por que não consigo encontrar seus livros pesquisando na internet? Venho tentando isso desde que descobri vocês na rede.
    Beijão.

  14. Artur says:

    MH, até pq há muito tempo não nos ‘falamos’, vou voltar à carga.
    Seu argumento central me soa muito ao ‘locupletemo-nos todos’ como conseqüência da impossibilidade da ‘restauração da moralidade’. Se a farra do boi grassa nell’altri, é hora de colocarmos ‘nosso’ trem no trilho.
    Se analisarmos métodos de incentivo à publicação de livros dos epígonos do mercado, sim, “eles”, não será difícil constatar que um National Endowment gera livros bem mais pífios que o concurso literário do Rotary de Dubuque. E igualmente pautados pelas opções ideológicas dos respectivos sponsors.
    Sou um dinossauro que lembra da defesa marxista da qualidade literária de Balzac, aquele insuportável cronista do modo burguês de ser. E ainda penso que a premissa que fundamentava aquela defesa é correta. As artes não têm caráter de classe e sempre quando o Partido ou o Estado se metem nessa seara, boa coisa não surge.
    Agora, antes que se implante o escândalo, não tenho a menor dúvida que a adoção de políticas que revalorizem o ensino básico; que associem o texto às novas tecnologias; que gerem renda suficiente para que os trabalhadores possam ‘consumir’ textos; que retomem ‘velhos’ paradigmas culturais, como o da apropriação do conjunto da ‘cultura’ como patrimônio humano; essa adoção criará as condições para que o que seja de qualidade alce o prelo. Ou as telas, o palco, o barro, o corpo.
    Pronto para, com couro duro, enfrentar a réplica,
    seu Amigo Atento Obrigado (que, nas missivas mineiras, grafava-se Amo. Ato. Obro.)

  15. christiana says:

    Artur,
    vou meter minha colher nessa discussão, assumidamente interessada nessa tal verba fictícia para sanear minhas contas, mui menos belas que minhas letras, mas ainda assim acreditando na validade de meus tendenciosos argumentos.
    Acho falaciosa a idéia de que a educação naturalmente fará aflorar um mercado saudável para a literatura e a cultura em geral, que premiará os bons numa seletividade darwiniana.
    É preciso ter acesso à cultura para valorizá-la e mesmo desejá-la. Num ambiente culturalmente pobre, a tendência é que as demandas tornem-se mais materialistas. Ninguém acha que carece de cultura. Carece de dinheiro, de um celular, de uma roupa.
    Quanto tempo a educação vai levar para fazer surgir uma geração de leitores consistentes, capazes de alimentar todos os autores importantes, às vezes mesmo difíceis ou portadores de idéias pouco palatáveis para a mídia ou o grande público, ou que só serão devidamente compreendidos em alguns anos?
    Não é mais provável que, deixados à sorte do mercado, esses autores morram de fome, ou vão dedicar-se a ofício mais lucrativo?
    Restarão os livros de auto-ajuda; os cassetas e planetas, Jô Soares e outros humoristas-escritores-bissextos; os tão geniais como Chico que, além das letras, domina a música e pôde fazer seu pé de meia em outra área; além dos títulos estrangeiros, preferencialmente policiais ou relatos depravados de patricinhas desvairadas.
    Escritores nunca foram bons na luta do mercado, como artistas em geral, por isso todos os países sérios têm verbas para a cultura. Porque sabem que a cultura, se deixada ao mercado, entra em extinção. E isso, em última análise, desequilibra o sistema social. Sem arte, o homem se brutaliza. Se criamos parques ecológicos para os animais que a civilização ameaça, porque não preservar os escritores da extinção social?
    Sou contra a idéia de mecenas. É o pior patrocínio, o mais comprometido. Se existe o temor de que a arte se “estatize” , isso não precisa ocorrer se os processos de seleção forem justos e transparentes, o que poderia ser garantido por jurís formados por artistas de qualidade notória e não por políticos, além de permanente revisão logística e constante vigilância ética, para minimizar as inevitáveis distorções. Muito pior é o risco, mais realista, de ter uma arte “vendida” às multinacionais ou grandes corporações, que fazem seu bonito na base da isenção fiscal. Ou uma arte vendida ao mau-gosto acachapante, dominada pela poética sutil de uma Tati quebra-barraco, a quem o mercado premia com uma remuneração muuuuuuuuuuito mais polpuda que a que eu e minha ilustrada mãezinha, por exemplo, conseguimos angariar com nossos trabalhos “por fora” pra, nas horas vagas, podermos exercitar nossa pobre literatura amadora, que nunca pagou o feijão-com-arroz de nosso solar.
    E quando alguém diz que um Machado de Assis foi funcionário público para se sustentar e ainda assim escreveu sua grande obra, fico a pensar. Das duas, uma: ou ele era péssimo funcionário, e desviava boas horas roubadas de seu emprego a empreender e burilar seus escritos, e nesse caso causou algum prejuízo aos cofres públicos;
    ou, por outro lado, supondo que ele trabalhasse esforçadamente todas as horas devidas, então quantas horas úteis de sua vida brilhante ele desperdiçou com tarefas mesquinhas, enquanto poderia estar engendrando novos exemplos de sua genialidade e, nesse caso, o prejuízo cultural é INFINITAMENTE maior!
    Ninguém acha que um Baryshnikov se criaria sem treinar 8 horas por dia. E ninguém imagina que ele o teria feito a vida toda se não existisse a estrutura de um Ballet Bolshoi, da qual ele pôde um dia prescindir, quando o mercado finalmente o absorveu.
    Agora, como o escritor vai poder atingir seu máximo potencial escrevendo envergonhadamente, nas horas vagas, sem ganhar nada? Porque exigem da mente performance mais milagrosa que a do corpo? Porque o escritor é o que mais sofre esse patrulhamento anti-patrocínio?
    Nunca vi um filme ou peça serem feitos sem dinheiro, e não custam barato. Um livro tem poucos custos de “produção” mas, como bem lembrou minha mãe, o autor come. E ele precisa escrever o livro ANTES de vendê-lo ( a não ser que seu nome seja Stephen King mas, nesse caso, dinheiro não é mesmo um problema).
    Ou seja, desde Camões, qualquer criada com um mínimo de bom-senso sabe que é péssimo negócio ser escritor.
    Mas como tem gosto pra TUDO no mundo, ainda tem maluco que escolhe, dentre tantos dons mais lucrativos, essa mania inglória de juntar palavras.
    Sinceramente, acho que, se tem alguém que se locupleta da imoralidade em benefício próprio nesse país, definitivamente não é o escritor. Nem tampouco o seria, ainda que ganhasse uma miserenta bolsa de 50 mil reais anuais para produzir um romance. Ainda que o romance fosse pífio, como tantos outros resultados pífios produzidos com recursos públicos em tão variadas áreas. Mas um só gênio revelado poderia enriquecer nossa cultura por várias gerações. Terá sido, portanto, um excelente negócio a longo prazo.
    E você acha mesmo que o pequeno investidor tem cacife pra investir no longo prazo?
    Você compraria adiantado meu próximo romance, mesmo sendo meu leitor?
    Ou será que eu, não sendo Lya Luft, não preciso mesmo existir no cenário cultural e estou fazendo falta em algum caixa de banco, onde seria mais útil à sociedade como um todo?
    Ou talvez eu possa me alimentar apenas de idéias, como um ser de luz?
    São minhas questões pra você, caríssimo Artur, e adoraria que me ajudasse a respondê-las.

  16. Clarice says:

    Essa seleta está outra caixa de jóias,Maria Helena e Christiana, mesmo que não tão poética quanto a outra de poucos dias atrás.
    Mesmo assim reveladora de uma paixão comum a tantos e tão bem defendida por aqueles que amam a arte e que, como você, sua mãe e outros autores de comentários, respiram todos os dias, acordam e dormem com ela.
    Revelam-se opiniões e expectativas que fotografam esse cenário tão mal cuidado por essas bandas, que é a arte; a literatura em especial.
    Pelas opiniões, pode-se adivinhar o que seria uma mesa de batalha em torno de verbas para seu (e de tantos pobres e sonhadores ecritores)próximo livro.
    Imagino que a definição de verba para cultura e incentivo às artes literárias no âmbito do governo seja sempre muito breve. A julgar pelos resultados!
    Por mecenas, citados por mim, entenda-se financiadores da arte, não necessariamente governo. É mais que utópico imaginar um país em que cada empresa, identificadas sei lá por quais critérios, mesmo sem nenhum parentesco com a arte, adote um artista pelo período de, digamos, 5 anos?
    Tá bom! Eu não sou um paiol de boas idéias. Vou ali no cantinho me envergonhar um pouco e já volto.
    Beijo, meninas! Continuem na batalha, que pelo menos na passeata eu também irei, já que não encontro os livros de vocês prá comprar.
    ;}

  17. MarcosVP says:

    Clarice, aqui no Brasil todo mecenato é público, mesmo quando é privado. No final, o dinheiro acaba sendo meu, seu, nosso mesmo.
    Agora, porque é que os raios dos escritores não se organizam em cooperativas, como fazem tantos artistas, como atores ou músicos?
    Vários escritores juntos, com algum tipo de afinidadeo ou obra em comum – até mesmo serem blogueiros, que seja – não poderiam pleitear verbas junto às empresas com um pouco mais de força? basta ter alguma pequena idéia de evento agregado – afinal em algum lugar o patrocínio ou apoio tem que aparecer – e publicidade, para que a coisa não se torne simplesmente diletante.
    Será que ninguém teve essa idéia antes? Não acredito.

  18. christiana says:

    Clarice, nao se envergonhe jamais de discordar. Estamos aqui pra debater. Eu me empolgo porque é da minha natureza dramática e algo “caliente”, hehehe. Entendo o que vc imagina de mecenato das empresas, mas concordo com o Marcos que sai mesmo do dinheiro público. E o pior é que é a empresa que escolhe pra quem vai dar, ou seja, fica só com a parte boa, que é o poder sobre o destino da verba. Então os artistas ficam sempre na posição de vendidos às empresas, o que não é nada salutar.
    Quando a sua proposta, Marcos, da cooperativa, é sem duvida boa. Alguém já pode ter tido, mas é possível que não, também. Vamos fazer, quem sabe? Eu topo.
    Temos que admitir que escritores nem sempre sao gregários. Geralmente sao uns tipos esquisitões, que têm prazer na solidão. Ninguém escreve um livro na mesa de bar, a menos que não tenha companhia. Mas admito que é ali que surgem grandes idéias.
    Por isso vamos debatendo, gentem. Quero mesmo idéias, sugestões e alternativas. Estou anotando tudo. Quem sabe a gente acha uma alternativa elegante e viável de sobrevivência literária?
    Até o próximo chopp, beijos.

  19. Ricardo says:

    Não vou entrar na discussão do apoio político à literatura. Vou contar uma piada.
    ***
    O cidadão chega perto do comprade Deputado Federal:
    – Escuta, será que não tem um empreguinho pro meu filho em Brasília. É que ele começou a estudar agora e precisa estagiar.
    – Claaaaaro que tem. Vou nomeá-lo meu chefe de gabinete. Vai ganhar R$ 15.000,00 por mês.
    – Não comprade. Isso é muita coisa. Vai virar a cabeça do guri.
    – Então vou nomeá-lo meu acessor pessoal. Mas vai ganhar menos. Perto de R$ 10.000,00 por mês.
    – Olha, o compadre, não me leve a mal. Não estou rejeitando a generosidade do amigo. Mas ainda é muito para o guri.
    – Tá bom. Então vou nomeá-lo como auxiliar administrativo de gabinete. Vai ganhar só uns R$ 5.000,00 por mês.
    – Olha compadre, eu estava pensando em R$ 1.500,00 ou R$ 2.000,00.
    – Dá até pra arranjar. Mas antes ele terá que fazer faculdade, pós-graduação, falar umas duas línguas e fazer concurso público.
    Abraços.

  20. Maria Helena says:

    Marcos,
    É conhecida, esta história do prêmio-livro-coletânea. Lucro garantido para qualquer editor. Uma tiragem média (de 3 a 5.000 livros) é paga com os primeiros 600 exemplares vendidos: só a família dos premiados garante o retorno do investimento. Depois, não há divulgação nem distribuição; apenas a vaidade do escritor foi contemplada. Pode ser um caminho mas não é o melhor dos caminhos.
    E não rejeite o gerúndio – ele tem pleno direito à existência. Tanto quanto o pretérito, que, às vezes, nem perfeito é.
    Um abraço!
    Clarice, querida,
    A sobrevivência independente, tanto artística quanto individual, é uma utopia. Quem está vivo, se encaixou em algum sistema.
    E os livros – obviamente, como qualquer obra oriunda de concurso – estão esgotados e a multinacional que os premiou nunca os reeditou. Eu mesma, tenho poucos exemplares dos livros que escrevi. Sem lamentações, um dia os netos os lerão.
    Beijo grande!
    Christiana,
    Aproveitando a proximidade, sua resposta vai ao vivo. Menos trabalho argumentar falando do que escrevendo (e mais democrático, dá direito à réplica imediata). A esquiva não é porque você é minha filha; mas sim por ser sua mãe.
    E beijos ao vivo também beijam mais.

  21. Maria Helena says:

    Ricardo,
    Este filósofo-deputado, certamente, é o Severino. Aquele que abre nossos olhos para as verdades.
    Abraço grande!

  22. Maria Helena says:

    Vamos lá, companheiro Artur, macaco-velho de assembléias, craque em perceber o “argumento central” e ignorar argumentos periféricos (só não vale invocar “questão de ordem”, Artur),
    É claro que o apelo do post foi à lógica irrefutável de Stanislaw Ponte-Preta. Mesmo porque, por outra via, teríamos que discutir arte e cultura. Impossível, por escrito, sem escrever tratados.
    O argumento central da sua refutação – “as artes não têm caráter de classe” – nunca me convenceu. Infelizmente, o contrário também não.
    Lênin tem um artigo pouco conhecido, “Organização e Literatura de Partido”, creio que anterior à Revolução, em que se metia a apontar os caminhos da arte proletária: colocar-se a serviço das massas, educar o povo, construir uma cultura nova e socialista, etc. Arte previsível não é arte.
    Por outro lado, observava que a arte burguesa se transforma cada vez mais em falsa e hipócrita. E, em épocas de imperialismo, entraria em decadência. Previsões sobre arte talvez possam ser feitas.
    Se concordarmos em que a arte pode ser espiritual mas a cultura é um fenômeno social e histórico, concluiremos que a cultura dominante é a cultura das classes dominantes.
    Dissimular a política cultural vigente, sob o rótulo do cosmopolitismo ou das “Kulturraeger”, não explica por que Lolita Pille e seu mundico tão atraente participam como convidados de uma Bienal Internacional do Livro, com a mídia atrás para alavancar as vendas e depoimentos emocionais em mesas-redondas (ou quadradas) literárias. Um exemplo que me ocorre agora, nada contra o nouveau-nouveau-roman, acho até a Lolita bonitinha. Há outros. São legião.
    Talvez por isso eu tenha saído da inércia para sugerir ao menos um concursinho para os moços do Brasil. Nada oneroso, uns 50 mil de prêmio já está de bom tamanho.
    Porque hoje, Artur, a restauração da moralidade joga qualquer jovem nos braços da decadente cultura imperialista.
    Sua, também, ama. ata. obra.
    (Esta briga está ficando boa!)

  23. Artur says:

    Nóvoas,
    quem entra na chuva é p’ra se queimar, no inesquecível dizer de V. Matheus. Vou rascunhar, ao longo do feriadão, uma diatribe vociferante para, pelo menos, podermos nos exercitar um pouco na polêmica.
    Por enquanto, deixo só um teaser, camarada MH, douta e competente secretária de agit-prop: que diabos é arte burguesa imperialista decadente? Kafka, Mondrian, Jasper Jones, Francis Bacon, Mallarmé, Rodin, Céline formam nesse panteão?
    Abraços

  24. Ricardo says:

    Eu não ia meter o bedelho na discussão alheia. Mas como Maria Helena anotou: “a briga está ficando boa” (mas acho melhor resolver isso com chopp e conversa, evitando as vias de fato).
    Indago, quais são as classes dominantes?
    No Brasil, vejo apenas duas: o Governo, mais propriamente o Executivo Federal, dono da verba pública, ou então, como dizia FHC, dono da chave do cofre, e a imprensa. O atual estágio social, com todo respeito a opiniões contrárias, não permite identificar uma “classe” dominante.
    Note-se, classe no sentido de gênero de pessoas classificado à partir de propriedade de bens e de posição social (que coisa mais antiga, esta tal posição social).
    Hoje, tanto o pobre quanto o rico, imitam as tendências da moda (tendências com ampla divulgação pela imprensa). Qualquer menina quer ser Gisele B. A diferença é que as meninas ricas compram a grife da moda, e as meninas pobres compram a imitação (ou esfolam-se durante meses, para pagar prestações – é ou não uma maravilha o acesso ao crédito? Quer pagar quanto?).
    Observação: os intelectuais também consomem os autores da moda. Não são, portanto, exceção. E os intelectuais pobres, a despeito dos direitos autorais, fotocopiam a obra.
    A imprensa alimenta-se de espetáculo. Me parece, e Maria Helena percebeu isso em outro post, quando falou sobre a alegria coletiva (tinha um termo grego que não lembro), que vive-se na época dos espetáculos.
    Ninguém se comove com pobre, miséria e violência. Isso está todo dia na tv, jornal e rádio.
    Mas apresentação do Rei Roberto não acontece sempre. O Padre Marcelo não reza missa todo dia no mesmo lugar. Clássico de futebol ocorre uma vez por mês. E assim vai…
    A comoção social, hoje, é provocada pelo espetáculo. Para causar impacto, a televisão filma o pobre, miserento e maltrapilho, coloca música de fundo, um locutor gritando indignações e um comentarista (que no meu tempo servia só prá jogo de futebol) fazendo análise política da pobreza (a autofagia da mídia é, com todo respeito aos publicitários, nojenta).
    E o que isso tem que ver com livro e com cultura? Ora, a bienal do livro fez sucesso não pelos livros, mas sim pela presença de autores. Hoje, além de ser autor, o cidadão tem que falar bem, dar palesta, enfim, aparecer na mídia.
    Maria Helena anotou que o ex-BB foi assediado pelos fãs. Eu pergunto, quantos daqueles fãs chegam a ler um livro por ano? Não dá 10%, com toda certeza.
    O problema, portanto, não é tanto de incentivo ao escritor. Você pode até premiar o escritor, mas isso não resolverá nada, se o mesmo não for para a mídia. Se do livro não resultar espetáculo, nada feito, vendagem baixa e prejuízo que as editoras não querem suportar.
    Ou é isso, ou alguém me explica por que os campeões de venda são jornalistas, normalmente com colunas em principais diários ou semanários nacionais?
    Além disso, tem a questão das pequenas editoras. Não vou discutir este assunto, pois o Paulo, na página dele, já disse porque é duro possuir editora.
    Pois bem, primeira conclusão, para vender livro, o cidadão tem que estar na mídia. Pouco importa se o livro será lido ou não. Ele irá vender para que o alienadozinho (a) diga aos amigos: “- Olha, eu tenho o livro dele (a)!”
    Quanto ao governo. A idéia do prêmio não é boa. O cinema já desviou bastante dinheiro com incentivo governamental para fazer filme-porcaria sobre a realidade brasileira. Mas ninguém me consultou, para ver se eu queria pagar filme sobre o Brasil.
    E, pior que dar verba para o filme, é ver o governo virar refém da mídia. Tem que pagar para sair a reportagem. E quando o filme dá algum lucro, este não é entregue so investidor (população). Fica para o felizardo apadrinhado que garimpou a mesada governamental.
    Ou seja, o círculo é vicioso. O cidadão vai ganhar o prêmio (que eu, particularmente, não quero pagar, pois verba pública deve ser gasta em coisa mais importante – comida, casa, transporte, saúde e educação) e daqui um ano está esquecido. Está fora da mídia. Alguém lembra do Cléber Bam Bam (artista de axé, o rapaz)?
    Por isso, e pelos quinhentos anos de deseducação do povo, tenho opinião formada: livro não vende porque, no Brasil, o povo não lê.
    Apostas em novos talentos ocorrem se o cidadão pode dar lucro. Mas se o cidadão, mesmo ótimo, será fracasso de vendas, por que motivo a editora arcará com o prejuízo?
    ***
    Sobre a arte burguesa imperialista e decadente, só posso dizer que arte sempre foi burgueza, em todos os tempos. Quando não foi, o autor morreu de fome, e sua obra só passsou a ser apreciada, quando o quis a socidade burguesa imperialista.
    Se é decadente? Não sei. Mas tenho a impressão que esta socidade burguesa imperialista, em verdade, está cada vez mais fortalecida.
    Deve-se lembrar que nem sempre a sociedade burguesa esteve ao lado do estado. Às vezes, criticar o estado, e a sociedade, é a moda.
    Abraços

  25. Julia says:

    Muito bom! Concordo plenamente. Nossa, esse seu texto precisa ser lido por todos, ele é capaz de abrir os olhos das pessoas para a grande realidade. Parabéns. Julia (amiga da sua filha Patrícia)

  26. Maria Helena says:

    Mera divagação de fim-de-sábado aos irretrucáveis comentários de Artur e Ricardo, vigários tarimbados a quem é ridículo pretender ensinar o Pai-Nosso,
    O Estado é quem gerencia o capital coletivo. Quando o capital se estende para além das fronteiras nacionais e se expande, o Estado vai atrás – expandindo-se também – e vira Império. Uma cultura local se torna global. E os “gostos” (que sempre nos parecem altamente pessoais mas são culturais) também se globalizam: o mundo dirige seu paladar para os McDonald’s e sua libido para as louras peitudas. A cultura imperialista gera mais capital e o capital do Império – que desconhece limites ou fronteiras – gera cultura.
    Às vezes, há recuos na nossa historinha galáctica. Mas o Império sempre contra-ataca e Darth Wader já ameaçava: “If you’re not with, you’re against me”. Soa familiar?
    Abraçando carinhosamente os dois indispensáveis interlocutores.

  27. Maria Helena says:

    Julia,
    Seja bem-vinda, para concordar ou discordar. Mas volte sempre.
    Beijo!

  28. Lucia Malla says:

    Estou simplesmente estupefata. A discussao dessa caixa de comentarios PRECISA ser lida por alguem no Ministerio da Cultura, Secretarias de Educacao, whatever wherever whenever.
    Pelamordedeus, os pontos discussatorios sao EXCELENTES.
    Novoas, vcs estao de parabens pela excelencia e pela qualidade da escrita. Parabens.

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