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ManuscriptLeaf_thumb.jpg Coisas que não me interessam numa pessoa:
O tamanho de seu poder;
A marca de seus sapatos;
Seu nome de família;
Se anda a pé ou de “chauffeur” (grafia corrigida pela Cynthia, minha revisora poliglota de plantão);
Qual seu Big Brother favorito;
O relatório de suas ações;
Os retratos de sua vaidade.
Coisas que me interessam numa pessoa:
Seu bom humor;
A qualidade de seus afetos;
O relato dos seus sonhos;
O poder de atravessar vidraças;
O desenho de suas cicatrizes;
A memória de suas batalhas;
As imagens de sua história.
…………………………..
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taoist-painting.jpg De uma maneira geral, pessoas me interessam mas não todas e penso que nenhuma o tempo todo, o que é um problema. Já dizia Sartre : “O inferno são os outros.”
Brilhante mas discordo. Nem eu mesma sou tão interessante e divertida que valha a pena full-time e, dentre os chatos que me cercam, sou a mais difícil de despachar. Estou treinando técnicas avançadas de meditação pra largar de meu próprio pé e me mandar passear de vez em quando. Pra ver se me curo dessa doença de ser eu mesma.
Esse negócio de fazer listas, por exemplo, só pode ser loucura. Ou preguiça de ser extensa, ainda não decidi, mas boa coisa não é, que preguiça é pecado tão capital quanto a inveja, a avareza e outras coisas feias (ou charmosas, como a luxúria que, no imaginário coletivo, tem a cara – e principalmente o corpo – da Luma de Oliveira).
Tem outros sintomas da minha esquisitice: palavras que eu repito demais como sonho, memória, vidraça – coisas muito pouco confiáveis para alguém se apoiar. Outras que evito sistematicamente como contabilidade, dívidas, cobranças. Onde é mesmo que eu planejo investimentos, recolho dividendos, consolido lucros?
Estava precisando de um eletrochoque pra entrar nos eixos e começar a me preocupar mais seriamente com o que, afinal, parece ser a única preocupação séria: quanto é que eu levo nesse bolo? Ou então um mestre zen à moda antiga pra rachar logo meu coco com uma cajadada. Diz que o método era tiro e queda: quando o discípulo não morria, ficava calminho, um verdadeiro santo.

One Response to “Da s?e ?Em poucas palavras? ou “Mais uma lista para nossa cole?””

  1. palomadawn says:

    Talvez sim, talvez não.
    Numa ilha deserta, você muito provavelmente estaria escrevendo mensagens na garrafa, ou poemas na areia… Estaria criando o universo a partir dos limites da ilha… Eu te conheço, ô poeta! Não tem eletrochoque que dê jeito!

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