a lava
Posted in Uncategorized on Feb 2nd, 2016
se choro tanto é porque fervo até doer o nervo que sente prazer sente mágoa o pranto e o gozo são água do mesmo poço
Posted in Uncategorized on Feb 2nd, 2016
se choro tanto é porque fervo até doer o nervo que sente prazer sente mágoa o pranto e o gozo são água do mesmo poço
Posted in Uncategorized on Jan 30th, 2016
abracadabra abro a cabeça com pé de cabra ; a cabra tropeça a fé se dobra ao sórdido agouro do diabo ; ouro de tolo cangalha em couro de touro brabo ; oroboro a cobra me abraça o rabo e se enraba ; a obra que em […]
Posted in Uncategorized on Sep 3rd, 2015
o mar é um espelho duro que nos corta como um muro o futuro é uma criança morta que a esperança aborta à nossa porta
Posted in haiquase / senryu / tanka, Uncategorized on Sep 2nd, 2015
lágrima santa lava como água-benta o pé da planta , a chuva lenta se adia até chorar de alegria
Posted in Uncategorized on Jul 25th, 2015
deuses sem dedos jogam dados viciados ; o medo é um buraco cercado de vácuo pelos seis lados
Posted in Uncategorized on Jun 23rd, 2015
você pode fumar o seu ópio você pode beber o seu gim você pode enganar a si próprio mas não a mim
Posted in Uncategorized on May 17th, 2015
você mora no muro entre o fora e o furo do ventre entre o escuro e a escora entre o agouro e o agora e sempre
Posted in haiquase / senryu / tanka, Uncategorized on Apr 28th, 2015
claro como o mar onde meu olho nada : nada a declarar .
Posted in Uncategorized on Mar 17th, 2015
há um tempo de espera entre o impacto e a queda sopra um vento áspero entre o pássaro e a pedra
Posted in Uncategorized on Feb 21st, 2015
ferve brava sob a verve como neve sobre a lava , dorme louca pouco escreve muito escava , escrava da forma breve da palavra
Posted in Uncategorized on Feb 17th, 2015
isto não é um cachimbo também não é um poema são só códigos no limbo entre o meu e o seu sistema Imagem: A Traição das Imagens, René Magritte (1929)
Posted in Uncategorized on Feb 6th, 2015
um silêncio absurdo me despertou hoje : deus está surdo e não me houve
Posted in haiquase / senryu / tanka, Uncategorized on Dec 20th, 2014
flores mortas são primaveras que se vão frutas que verão
Posted in Uncategorized on Dec 3rd, 2014
pescador chega à minha praia numa noite de lua cheia chega manso vem de tocaia deita do meu lado na areia ele diz que adora o meu canto ele diz que eu sou sua sereia ele diz que me ama enquanto me esfaqueia
Posted in Uncategorized on Nov 15th, 2014
a luz amanhece pouca branca e longínqua um fio de sol lambe o mofo estanca em cheio no meio da nódoa do estofo feito estaca a dor finca a faca a dormência míngua a mágoa a ausência é uma casca oca que um dia trinca a chuva apazígua a língua da falta dágua
Posted in Uncategorized on Nov 10th, 2014
fiquei sem voz procuro sábios que saibam ler meus grandes lábios
Posted in Uncategorized on Nov 1st, 2014
eu morderia qual fruta a luz na tua treva e neste dia preciso adão e eva fariam jus ao paraíso
Posted in Uncategorized on Oct 24th, 2014
venta aqui fora faz frio , o sol em brasa se esconde e de longe me fita triste e vazio , como uma casa bonita onde o amor mora e ninguém visita
Posted in Uncategorized on Oct 21st, 2014
até mesmo o universo imenso perde a graça o céu perde a cor e chora se você amassa o meu verso de amor e joga fora como um lenço de papel a esmo
Posted in Uncategorized on Oct 19th, 2014
a fé é o farol de um foguete de sorvete a caminho do sol
Posted in Uncategorized on Sep 27th, 2014
em vão me espanto o tempo corre mais que o medo todo mundo morre uns cedo uns nem tanto é a lei e eu aqui no meu canto só sei que não morri por enquanto
Posted in Uncategorized on Sep 25th, 2014
então observe: se for poesia não serve , a verve não tem serventia à mulher honesta nem ao patrão , se for poeta não presta servidão .
Posted in Uncategorized on Sep 17th, 2014
invento é um ar que sopra pra dentro , pensar é um ato só , inspiro o pó que sobra da grande obra , espirro engasgo me mato expiro , adentro e rasgo o peito como um tiro .
Posted in Uncategorized on Sep 3rd, 2014
o corpo me atraca como craca ao porto , recorta o espaço a faca e escapa ileso , suporta esse braço fraco como um galho seco em brasa como um cão sem casa , vão como o sol num beco como um peso morto como um amor pouco , oco como o osso da asa de […]
Posted in haiquase / senryu / tanka, Uncategorized on Aug 30th, 2014
nada que eu queira mais que a sombra dourada da amendoeira
Posted in Uncategorized on Aug 25th, 2014
a noite é uma dama não joga mas não foge à luta quando o sol se inflama essa puta ajeita no mar a cama perfeita onde o rei se deita e se afoga
Posted in Uncategorized on Aug 19th, 2014
paira esse silêncio frio um vazio repleto de hiatos prefiro o cio indiscreto dos gatos no meu teto
Posted in Uncategorized on Aug 12th, 2014
no jardim das ideias vagas onde vagalumes beijam petúnias descarto as pragas sempre as mesmas queixumes lamúrias e outras lesmas
Posted in Uncategorized on Jul 17th, 2014
só não escolhas para o amor o gesto insípido nem deixes meus olhos sem cor como bolhas no céu líquido dos peixes
Posted in Uncategorized on Jul 1st, 2014
a água cinzenta oleosa espelha o céu em brasa em cinquenta tons de rosa vermelha , na maré rasa um murmúrio vago como um lago de mercúrio
Posted in haiquase / senryu / tanka, Uncategorized on Jun 30th, 2014
ave sã não tomba , balança a sombra anciã do flamboyant
Posted in Uncategorized on Jun 19th, 2014
o sopro eterno desconhece o corpo morto , perdoo o outro pelo inferno que me aquece
Posted in Uncategorized on Jun 16th, 2014
descascou minha fruta pescou minha truta riscou minha gruta lascaux minha pedra bruta de quebra lustrou deu brilho , ladrilho filho da luta
Posted in Uncategorized on Jun 15th, 2014
ousar querer como um deus saber calar como um buda o tolo finge que estuda a esfinge muda
Posted in Uncategorized on Jun 1st, 2014
como um anjo cego pela claridade de outras alturas mais amenas eu me apego à gravidade a duras penas
Posted in Uncategorized on May 25th, 2014
aqui por exemplo o vento chora a noite finda o dia ainda demora a hora é linda o tempo pára e ora agora é o único templo onde deus mora
Posted in Uncategorized on May 21st, 2014
esculpo meu verso num tronco de mármore como quem ausculta a ordem oculta do universo quando árvore
Posted in Uncategorized on May 12th, 2014
falo dessa luz que risca o céu profundo a faísca maluca tonta que atravessa o fim do mundo em cada poro da tua nuca até a ponta do meu osso ilíaco como um meteoro cruza o zodíaco
Posted in Uncategorized on May 4th, 2014
não se espante diante do silêncio estonteante das galáxias distantes nada sempre será tão sério como era antes o irrelevante mistério das estrelas errantes o inútil cemitério de diamantes
Posted in Uncategorized on Apr 27th, 2014
a vida é frágil como um livro num naufrágio do ser vivo nada sobra nada escapa nem a capa nem o assunto numa dobra do universo acaba o mundo o verso é livre só a obra sobrevive
Posted in Uncategorized on Apr 18th, 2014
tento ser breve nem tudo deve ser dito no momento e muito menos escrito em voz alta nem tudo que dói é poesia deixa muda essa falta básica até soar um grito deixa solta essa música como o vento quando flauta , sendo o sopro agudo do tempo em sua sinfonia sem pauta
Posted in Uncategorized on Apr 13th, 2014
quando venta a borboleta sustenta as imensas asas azuis como um atlas que aguenta o planeta sobre as omoplatas
Posted in Uncategorized on Apr 6th, 2014
aqui venho achar na dor o que não tenho o desenho do teu pelo no meu tato eis o pacto de amor entre a pele e o cacto
Posted in Uncategorized on Apr 1st, 2014
além de mim só uma mosca veio assistir ao formidável fim da tarde fosca de um dia feio
Posted in Uncategorized on Mar 31st, 2014
retiro do mundo o corpo recolho meu olho escuro na fresta no meio da testa um furo fundo como um tiro
Posted in Uncategorized on Mar 29th, 2014
o espelho partido em mil partes em todas duvido se existo cogito ergo … ? eu isto nego revido verdades seu nome é ego descartes é apelido
Posted in Uncategorized on Mar 23rd, 2014
há muito já passa da hora a demora já dura uma vida a procura já cansa a esperança é uma nave perdida a resposta é uma chave sem porta a saída é uma rota de descida em queda livre … do que se ama só sobrevive ao fim de tudo um celular que chama […]
Posted in Uncategorized on Mar 19th, 2014
desfaço um plano esgarço um pano laço a laço , disfarço e passo ano a ano sol a sós , desconto um conto me engano e pronto , não dou ponto sem nós
Posted in Uncategorized on Feb 24th, 2014
só a flor exata me sacia o olfato e a falta desse cheiro é tão macia como um travesseiro que me mata por asfixia
Posted in Uncategorized on Feb 21st, 2014
não posso dar nome ao troço que entorna e não míngua não há espaço pra escrita entre a fome e a saliva que pinga não cabe um traço entre o que sabe a carne viva e a forma estrita da língua