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Category Archive for 'Uncategorized'

a língua

  não sou eu que falo a língua é a língua que me lambe   lambe as letras do meu nome lambe o leite em minhas tetas lambe o sangue da ferida   lambe a vida que é tão pouca que não cabe em minha boca   lambe a carne lambe a fome lambe o […]

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o omisso

, o omisso nunca confessa se prefere isso ou essa , não diz não nem sim faz graça disfarça que tá com pressa , te serve um chá de sumiço casa e muda de endereço só pra não pagar o preço , o omisso sempre sai cedo , o omisso já vai tarde , no fundo o omisso […]

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a gênese

, no precipício era o verso   o universo estava vazio de deus ninguém se ouvia   morreu. e o verbo que não poesia   fazia frio mas era eu   .

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o golpe

  é golpe sim porque é baixo golpe macho golpe sujo indireto de direita   é golpe que desrespeita os votos da maior parte em favor do dito cujo   é golpe porque é covarde é gás no olho que arde é cassetete na nuca   é golpe porque machuca      

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a arma

  pra matar um grande amor é preciso ser pequeno e estreito como um punhal , feito de aço e veneno feito de pele e de ossos de gozo e vício , pra golpear sem remorso o mesmo peito onde existe , como um deus cruel que assiste ao seu próprio ritual de sacrifício   […]

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o navio (ou ana c.)

  morrer é um estado mudo um descansaço de tudo ,   o peso suspenso num mundo imenso e vazio ,   o tempo ancorado no fundo macio do espaço   .

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o furo

  o relógio enrosca o tempo com desvelo   como fosse um novelo de algodão doce   estica um fio de cada pêlo difuso como o fuso de uma roca   ,   não nasci pra ser fiapo nesse pano   um dia escapo deste plano num buraco de minhoca    

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o véu

  o sonho é um filme disperso sem continuísta   ao sair desta sala não diga jamais hasta la vista   quem vos fala nunca mais será vista no universo   talvez este verso também não exista            

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o delta

    vazio é meu nome   minha fome é um rio que nasce em você e corre pra trás   ;   lembrar é morrer nesse leito frio   por uma vez mais    

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o amigo

  no seu plano um certo atraso no meu trajeto um engano descaminhos   (e a sombra do sol se dobra sobre o oceano que arde)   antes tarde que sozinhos.   o poente estende o prazo poesia é o tempo que sobra , a gente se encontra por obra do ocaso         […]

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a meditação

  a garça aprecia a luz desse dia que passa sem pressa ou lamento   seu pensamento atravessa de vento a espessa fumaça da refinaria      

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o sangue

no mundo e nas minhas pregas , acima e embaixo : regras      

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o espectro

  meço com o canto do olho a cor do vazio no espelho , recolho um reflexo frio : desvio para o vermelho      

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a missiva

‘ convite aberto e intransferível ao homem certo solto no mundo longe tão perto que me confundo tão invisível que quase toco ouço tão nítido que até vejo fora de foco golpe de vento cheiro tão vívido de novos tempos que ainda me lembro daquele beijo que nunca demos   ‘        

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o corpo

  entre a festa e a miséria de um dia medonho a carne partida é a fresta , a vida é um rio que vaza e infesta a casa de um sonho vazio  

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a lava

  se choro tanto é porque fervo até doer   o nervo que sente prazer sente mágoa   o pranto e o gozo são água do mesmo poço      

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o albedo

  abracadabra abro a cabeça com pé de cabra   ;   a cabra tropeça   a fé se dobra ao sórdido agouro do diabo   ;   ouro de tolo cangalha em couro de touro brabo   ;   oroboro a cobra me abraça o rabo e se enraba   ;   a obra que em […]

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o inferno

  o mar é um espelho duro que nos corta como um muro   o futuro é uma criança morta que a esperança aborta à nossa porta    

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a gota

  lágrima santa lava como água-benta o pé da planta , a chuva lenta se adia até chorar de alegria    

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o íncubo

  deuses sem dedos jogam dados viciados ; o medo é um buraco cercado de vácuo pelos seis lados      

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a sombra

  você pode fumar o seu ópio você pode beber o seu gim você pode enganar a si próprio mas não a mim        

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a hera

  você mora no muro entre   o fora e o furo do ventre   entre o escuro e a escora   entre o agouro e o agora   e sempre    

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claro como o mar   onde meu olho nada   :   nada a declarar     .

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o estilingue

  há um tempo de espera entre o impacto e a queda   sopra um vento áspero entre o pássaro e a pedra      

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o garimpo

  ferve brava sob a verve como neve sobre a lava , dorme louca pouco escreve muito escava , escrava da forma breve da palavra    

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a interface

  isto não é um cachimbo também não é um poema são só códigos no limbo entre o meu e o seu sistema     Imagem: A Traição das Imagens, René Magritte (1929)

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o morto

  um silêncio absurdo me despertou hoje : deus está surdo e não me houve            

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  flores mortas são primaveras que se vão frutas que verão        

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circe

  pescador chega à minha praia numa noite de lua cheia chega manso vem de tocaia deita do meu lado na areia   ele diz que adora o meu canto ele diz que eu sou sua sereia ele diz que me ama enquanto me esfaqueia    

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a moringa

  a luz amanhece pouca branca e longínqua   um fio de sol lambe o mofo estanca em cheio no meio da nódoa do estofo feito estaca   a dor finca a faca a dormência míngua a mágoa   a ausência é uma casca oca que um dia trinca   a chuva apazígua a língua da falta dágua    

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a muda

  fiquei sem voz procuro sábios que saibam ler meus grandes lábios      

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o juízo

  eu morderia qual fruta a luz na tua treva e neste dia preciso adão e eva fariam jus ao paraíso    

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o castelo

  venta aqui fora faz frio , o sol em brasa se esconde e de longe me fita triste e vazio , como uma casa bonita onde o amor mora e ninguém visita      

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o descartável

  até mesmo o universo imenso perde a graça o céu perde a cor e chora se você amassa o meu verso de amor e joga fora como um lenço de papel a esmo      

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o cometa (para lula braga)

  a fé é o farol de um foguete de sorvete a caminho do sol              

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a sentença

em vão me espanto o tempo corre mais que o medo todo mundo morre uns cedo uns nem tanto é a lei e eu aqui no meu canto só sei que não morri por enquanto      

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a inútil

então observe: se for poesia não serve , a verve não tem serventia à mulher honesta nem ao patrão , se for poeta não presta servidão .          

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a pleura

  invento é um ar que sopra pra dentro , pensar é um ato só , inspiro o pó que sobra da grande obra , espirro engasgo me mato expiro , adentro e rasgo o peito como um tiro .        

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a casca

  o corpo me atraca como craca ao porto , recorta o espaço a faca e escapa ileso , suporta esse braço fraco como um galho seco em brasa como um cão sem casa , vão como o sol num beco como um peso morto como um amor pouco , oco como o osso da asa de […]

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o ouro

  nada que eu queira mais que a sombra dourada da amendoeira      

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xeque-mate

  a noite é uma dama não joga mas não foge à luta   quando o sol se inflama essa puta ajeita no mar a cama perfeita onde o rei se deita e se afoga    

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o grito

  paira esse silêncio frio um vazio repleto de hiatos   prefiro o cio indiscreto dos gatos no meu teto      

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o canteiro

  no jardim das ideias vagas onde vagalumes beijam petúnias descarto as pragas sempre as mesmas queixumes lamúrias e outras lesmas      

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a pele da água

  só não escolhas para o amor o gesto insípido nem deixes meus olhos sem cor como bolhas no céu líquido dos peixes      

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a baía

  a água cinzenta oleosa espelha o céu em brasa em cinquenta tons de rosa vermelha , na maré rasa um murmúrio vago como um lago de mercúrio      

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a árvore

  ave sã não tomba , balança a sombra anciã do flamboyant    

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corpus christi

  o sopro eterno desconhece o corpo morto , perdoo o outro pelo inferno que me aquece      

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o sílex

  descascou minha fruta pescou minha truta riscou minha gruta lascaux minha pedra bruta de quebra lustrou deu brilho , ladrilho filho da luta      

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o enigma

  ousar querer como um deus saber calar como um buda   o tolo finge que estuda   a esfinge muda  

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o morcego

  como um anjo cego pela claridade de outras alturas mais amenas eu me apego à gravidade a duras penas      

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