a água cinzenta
oleosa
espelha
o céu em brasa
em cinquenta
tons de rosa
vermelha
,
na maré rasa
um murmúrio
vago
como um lago
de mercúrio
Jul 1st, 2014 by Christiana Nóvoa
a água cinzenta
oleosa
espelha
o céu em brasa
em cinquenta
tons de rosa
vermelha
,
na maré rasa
um murmúrio
vago
como um lago
de mercúrio
Jun 30th, 2014 by Christiana Nóvoa
ave sã não tomba
,
balança a sombra anciã
do flamboyant
Jun 19th, 2014 by Christiana Nóvoa
o sopro eterno
desconhece
o corpo morto
,
perdoo o outro
pelo inferno
que me aquece
Jun 16th, 2014 by Christiana Nóvoa
descascou
minha fruta
pescou
minha truta
riscou
minha gruta
lascaux
minha pedra
bruta
de quebra
lustrou
deu brilho
,
ladrilho
filho
da luta
Jun 15th, 2014 by Christiana Nóvoa
ousar querer
como um deus
saber calar
como um buda
o tolo finge
que estuda
a esfinge muda
Jun 1st, 2014 by Christiana Nóvoa
como um anjo cego
pela claridade
de outras alturas
mais amenas
eu me apego
à gravidade
a duras penas
May 25th, 2014 by Christiana Nóvoa
aqui por exemplo
o vento chora
a noite finda
o dia ainda
demora
a hora é linda
o tempo pára
e ora
agora
é o único templo
onde deus mora
May 21st, 2014 by Christiana Nóvoa
esculpo meu verso
num tronco de mármore
como quem ausculta
a ordem oculta
do universo quando árvore
May 12th, 2014 by Christiana Nóvoa
falo dessa
luz que risca
o céu profundo
a faísca
maluca
tonta
que atravessa
o fim do mundo
em cada poro
da tua nuca
até a ponta
do meu osso ilíaco
como um meteoro
cruza o zodíaco
May 4th, 2014 by Christiana Nóvoa
não se espante diante
do silêncio estonteante
das galáxias distantes
nada sempre
será tão sério
como era antes
o irrelevante mistério
das estrelas errantes
o inútil cemitério
de diamantes
Apr 27th, 2014 by Christiana Nóvoa
a vida é frágil
como um livro
num naufrágio
do ser vivo
nada sobra
nada escapa
nem a capa
nem o assunto
numa dobra
do universo
acaba o mundo
o verso é livre
só a obra
sobrevive
Apr 18th, 2014 by Christiana Nóvoa
tento ser breve
nem tudo deve
ser dito
no momento
e muito menos escrito
em voz alta
nem tudo
que dói é poesia
deixa muda essa falta
básica
até soar um grito
deixa solta essa música
como o vento
quando flauta
,
sendo o sopro agudo
do tempo
em sua sinfonia
sem pauta
Apr 13th, 2014 by Christiana Nóvoa
quando venta a borboleta
sustenta as imensas asas
azuis como um atlas
que aguenta o planeta
sobre as omoplatas
Apr 6th, 2014 by Christiana Nóvoa
aqui venho
achar na dor
o que não tenho
o desenho
do teu pelo
no meu tato
eis o pacto
de amor
entre a pele
e o cacto
Apr 1st, 2014 by Christiana Nóvoa
além de mim
só uma mosca
veio
assistir ao formidável fim
da tarde fosca
de um dia feio
Mar 31st, 2014 by Christiana Nóvoa
retiro
do mundo
o corpo
recolho
meu olho
escuro
na fresta
no meio
da testa
um furo
fundo
como um tiro
Mar 29th, 2014 by Christiana Nóvoa
o espelho partido
em mil partes
em todas duvido
se existo
cogito ergo …
?
eu isto
nego
revido
verdades
seu nome é ego
descartes
é apelido
Mar 26th, 2014 by Christiana Nóvoa
folhas de outono
como pálpebras que caem
mortas de sono
Mar 23rd, 2014 by Christiana Nóvoa
há muito já passa
da hora
a demora já dura
uma vida
a procura já cansa
a esperança é uma nave
perdida
a resposta é uma chave
sem porta
a saída é uma rota
de descida
em queda livre
…
do que se ama
só sobrevive
ao fim de tudo
um celular
que chama
num mar mudo
Mar 19th, 2014 by Christiana Nóvoa
desfaço um plano
esgarço um pano
laço a laço
,
disfarço e passo
ano a ano
sol a sós
,
desconto um conto
me engano
e pronto
,
não dou ponto
sem nós
Feb 24th, 2014 by Christiana Nóvoa
só a flor exata
me sacia o olfato
e a falta
desse cheiro
é tão macia
como um travesseiro
que me mata
por asfixia
Feb 21st, 2014 by Christiana Nóvoa
não posso
dar nome ao troço
que entorna e não míngua
não há espaço
pra escrita
entre a fome e a saliva
que pinga
não cabe um traço
entre o que sabe
a carne viva
e a forma estrita
da língua
Feb 12th, 2014 by Christiana Nóvoa
a lua procura
uma fresta estreita
na janela
e ali se deita
amarela
como a noite escura
de quem vela
Feb 11th, 2014 by Christiana Nóvoa
manifesto mudo
:
se eu pudesse dizer tudo
seria um gesto
Feb 5th, 2014 by Christiana Nóvoa
não sou poeta bissexta
bato ponto boto pingo
nos is da poesia
todo santo dia
de sábado a sexta
feira feriado
no domingo
não me comprometo
viro
pro lado
inspiro
e tiro um soneto
Feb 4th, 2014 by Christiana Nóvoa
o dia nasce
tão lindo
e quase
ninguém vê
tudo dormindo
em breu
só eu desperto
e você
nós
a só(i)s
ligados
no espaço aberto
por um segundo
e depois
como se os dois
lados
do mundo
fossem perto
Jan 29th, 2014 by Christiana Nóvoa
ser é escasso
,
o tempo vence o espaço
pelo cansaço
Jan 22nd, 2014 by Christiana Nóvoa
não sou eu que escolho
entrar feito louca
pelos seus poros
;
eu oro por sua boca
eu vejo pelo seu olho
de hórus
Jan 20th, 2014 by Christiana Nóvoa
todo jogo é inócuo
sobre a oca esfera
,
todo fogo se apaga
nenhum som se propaga
só o verbo reverbera
no vácuo
Jan 19th, 2014 by Christiana Nóvoa
essa obscura essência
que te impele
ao erro
é a ausência impura
do meu cheiro
em tua pele
Jan 19th, 2014 by Christiana Nóvoa
antes que esse assombro
apague uma garça
ou que o sol soçobre
sob o céu de cobre
hei de ter a graça
de uma asa no ombro
mesmo que me sobre
só uma rima pobre
Jan 18th, 2014 by Christiana Nóvoa
só a inocência ensina
só o tempo acriança
;
uma anciã que dança
me nina
Jan 18th, 2014 by Christiana Nóvoa
desfio uma nuvem
de fios de espanto
pra não dormir cedo
não morrer de medo
de frio e de pranto
enquanto o sol não vem
Jan 14th, 2014 by Christiana Nóvoa
triste baía
sua beleza sobrepuja
a água espessa
que o homem suja
ó guanabara
sempre linda
outrora clara
uma aquarela
agora escura
ao sol fulgura
ainda mais bela
óleo sobre tela
Jan 14th, 2014 by Christiana Nóvoa
senhor eu pequei
como pude
?
paguei o teu mal
com o pecado mortal
da virtude
.
Jan 12th, 2014 by Christiana Nóvoa
a língua exposta
esfria um beijo
em postas
,
sobre o chão
de azulejo
a carne pouca
,
eu coração
fora da boca
latejo
Jan 9th, 2014 by Christiana Nóvoa
a escolha é uma agulha preta
na areia amarelo-palha
de uma ampulheta
quebrada
:
o tempo se espalha
e nada
há que perdure
fora
do ponto cego
onde esse prego
do agora
nos pendure
.
Jan 5th, 2014 by Christiana Nóvoa
…
pois em verdade eu te digo
digas tu o que disseres
as palavras, meu amigo
são mulheres
Jan 2nd, 2014 by Christiana Nóvoa
cavo intervalos
em tempos novos
como cavalos
pisando em ovos
Dec 29th, 2013 by Christiana Nóvoa
resolução de réveillon :
se não tá bom, rebelião!
no mais, shalom
Dec 25th, 2013 by Christiana Nóvoa
do natal só se espera
a velha alegria
;
comer a ceia fria
da véspera
Dec 22nd, 2013 by Christiana Nóvoa
tesoura corta
um pedaço
do meu dedo
,
do aço
não tenho medo
sei que arde
tarde ou cedo
me firo
mas prefiro
o ardor da ferida
ao desamor
,
se há sangue há vida
isso é o que importa
só não tem dor
a carne morta
Dec 19th, 2013 by Christiana Nóvoa
se eu nem sei onde
fica o longe
até que acabe
não olhar pra trás
não basta
mais eu nado mais
o horizonte
se afasta
converso com o vento
que em verso responde
um lamento lento
confesso não entendo
palavra
maré brava me cansa
dessa dança
embora linda
um dia finda
a travessia
que me cabe
quanto mar ainda
só o céu sabe
Dec 17th, 2013 by Christiana Nóvoa
nenhum porto me aparta
desse impróprio recheio
esse furo
,
nenhum ópio
me conforta
,
no escuro tateio
esmurro
,
o outro
é um muro
sem porta
,
esse corpo
ao meio
não me comporta
Dec 4th, 2013 by Christiana Nóvoa
o sol sabe se pôr
como um rei
sem atraso
…
só sei que nada sei
do amor
,
deixo ao ocaso
Nov 30th, 2013 by Christiana Nóvoa
…
espero
um sinal
pelo sim
pelo now
Nov 24th, 2013 by Christiana Nóvoa
nuvens vermelhas
escorrem prantos
encharcam panos
entornam pântanos
cobrem folhas como mantos
escorregam pelas telhas
saltam beiras
correm canos
córregos entoam cânticos
nos cantos cheios
de chuva e seivas
de ervas e sândalo
lótus derramam cântaros
de águas de cheiro
no meu canteiro
de flor de cânhamo
Nov 16th, 2013 by Christiana Nóvoa
“a justiça é cega
vale quantos pega”
grita a multidão
e taca pedra
,
tem dia que dói
na fé
e na razão
,
sei que tudo é
como sói
mas não
Nov 12th, 2013 by Christiana Nóvoa
principio
logo penso
precipício imenso
¨
cogito e só venço
o tempo vazio
pelo silêncio
Nov 9th, 2013 by Christiana Nóvoa
saio da sua cidade
lá fora
é um mar sem fim
,
eu vim
morar na saudade
,
a saudade mora
em mim
.
Nov 4th, 2013 by Christiana Nóvoa
ser é um mistério
lindo e findo e tão sério
que só rindo
Nov 3rd, 2013 by Christiana Nóvoa
afrodite é afro
acredite
tem os olhos da cor do céu
quando negro
preto leite em seus seios
sulcos sábios e os lábios cheios
de mel
,
um perfil nada grego
Nov 2nd, 2013 by Christiana Nóvoa
não sou marilyn nem nada
mas não vim
ao mundo à toa
,
me visto de madrugada
com duas gotas
de cheiro
e se a vida é um bueiro
a minha saia
avoa
Oct 27th, 2013 by Christiana Nóvoa
e levo comigo
meu lar
muitas casas
é leve meu abrigo
um par de asas
Oct 25th, 2013 by Christiana Nóvoa
há um som de fundo
mudo e surdo ao absurdo
de estando tão distante
estanque estar intruso
em cada instante e sendo esquivo estranho
escuso
vencer os mares morros murros mortes muros
o nó desfeito não desata
o ponto escuro
o rio passa sobre o leito
o amor contudo
o mundo muda o tempo todo
mas nem tudo
Oct 22nd, 2013 by Christiana Nóvoa
cá estou eu
louça e criança
entre seus medos
e outros vidros
fosca lembrança
no museu
dos brinquedos esquecidos
Oct 13th, 2013 by Christiana Nóvoa
deixo dormir um poema
inconcluso
dispo-me de penas
que não uso
deito-me apenas
na fronha
fresca a alfazema
descanso
com afinco
no manso abrigo
onde um ganso
longínquo
sonha comigo
Oct 5th, 2013 by Christiana Nóvoa
pingo cor lírio
na dor branca
dos meus olhos
pra ser bem franca
eu uso ósculos
Oct 2nd, 2013 by Christiana Nóvoa
às cegas um súbito
espasmo faz cócegas
no espaço sólido
espero um pássaro
de voo áspero
como um fósforo
Sep 12th, 2013 by Christiana Nóvoa
a musa é uma peça rara
moça doida toda dada
a tonta me mete em cada
me deixa de cara apronta
se desnuda me afronta
me acusa se declara
depois eu que pague a conta
Sep 9th, 2013 by Christiana Nóvoa
tivera o tempo um avesso
onde o fim era o começo
eu entraria de costas
sem respostas nem perguntas
por entre nossas mãos juntas
,
Sep 7th, 2013 by Christiana Nóvoa
sabiá já canta
;
a natureza aos pios
seus frios espanta
Sep 6th, 2013 by Christiana Nóvoa
embarco invento
um dia lindo
a barca vem
e você vindo
a barlavento
quero o bem
que o tempo traz
deixo pra trás
solto dispenso
a sotavento
o sofrimento
como um lenço
Aug 24th, 2013 by Christiana Nóvoa
com bússola obsoleta
e astrolábio
abro ao céu o grande lábio
boca preta
minha luneta adivinha
o meteoro que cometa
galáxias dentro da minha
…
Aug 15th, 2013 by Christiana Nóvoa
há luz lá fora
noite não fosse
a hora foi-se e nunca
mais veio
(
a lua adunca
como uma foice
corta o agora
ao meio
Aug 3rd, 2013 by Christiana Nóvoa
sou aquela que passa
sorrindo
como quem espera
uma graça
agindo
como se soubera
que bendita me queres
entre as mulheres
nesse dia lindo
entoo preces
como se dissesses
que estás vindo
Jul 28th, 2013 by Christiana Nóvoa
cada escolha esconde
um lado da folha
até onde
vira
;
me atrevo
engasgo
,
o universo
expira
sem mapa
.
.
.
ser vivo é um rasgo
escrevo no verso
da capa
Jul 25th, 2013 by Christiana Nóvoa
calor zera
nua em pelo
hiberno
sob o gelo
adormece
a flor da espera
todo inferno
aquece
uma primavera
Jul 19th, 2013 by Christiana Nóvoa
a insolitude
me arrebata
o espaço
me dilata
o ataúde
pelo avesso
eis que nasço
o que mata
é o começo
Jun 25th, 2013 by Christiana Nóvoa
nem os oito trigramas
nem oitenta oráculos
suspendem que eu sinta
os tentáculos
que me prendem
como ventosas
aos três gramas de tinta
em que gozas
Jun 22nd, 2013 by Christiana Nóvoa
quem sabe em marte
eu faça parte
ao menos
quem sabe em vênus
eu seja
quem sabe veja
ao longe a terra
e pense
essa guerra
não me pertence
Jun 8th, 2013 by Christiana Nóvoa
,
no fundo nada
há que esconda
:
em sonho o seu mar
me ronda
;
meu sonar ainda sonda
onde anda a sua
onda
Jun 7th, 2013 by Christiana Nóvoa
a dor me dobra
com afinco
cego
um vinco
que me obra
eu trinco
quebro
abro
brinco
erro em tudo
eu sou o berro agudo
de um ornitorrinco
mudo
May 31st, 2013 by Christiana Nóvoa
minha vigília é trocada
viro noite sem remorso
almoço de madrugada
canto danço
queimo lenha
que mantenha as estrelas
despertas
(mesmo sem vê-las)
nas horas desertas
apanho e espalho
poesia
mas é de dia
que eu mais trabalho
no turno diurno
eu durmo
sem descanso
sonhos estranhos bonitos
pelos insones aflitos
May 29th, 2013 by Christiana Nóvoa
do que falo
a melhor parte
é o intervalo
o vazio é uma arte
sem bordas
não há som no aço
o que vibra é o espaço
entre as cordas
,
se a palavra demora
o silêncio é a causa
a música mora
na pausa
May 28th, 2013 by Christiana Nóvoa
cactos têm flor de mil pétalas
finas
como fitas
e espinhos escuros
retos
duros e exatos
para espetá-las
tão bonitas como furos
o impacto da dor nas retinas
dos insetos
May 27th, 2013 by Christiana Nóvoa
poeta é quem poetiza.
fazer gênero,
não precisa.
May 26th, 2013 by Christiana Nóvoa
o bem me bela
o querer me querela
o amar me amarela
a morte me mortadela
a metrópole me atropela
o porto me portela
o estro me estrela
o mar me mela
o rei me rela
o ser me sela
o teu me tela
o eu me ela
May 23rd, 2013 by Christiana Nóvoa
, o todo por exemplo
do lodo ao lótus
contemplo
meu templo é amplo
refúgio de samurai
relógio de sóis
remotos
(e os outros e você
vendo mortos
na tv)
meu tempo a sós
não se vê não sai
em fotos
May 22nd, 2013 by Christiana Nóvoa
à tardinha o mar é zen
um refresco de groselha
um barquinho e mais ninguém
segue em paz meu coração
meu caminho é bossa-velha
um violão bem baixinho
um chão de areia um banquinho
um ancinho um ancião
May 15th, 2013 by Christiana Nóvoa
água me turva
a vidraça
e já nada vejo
e não me protejo
dessa chuva
que nunca passa
quando choro
não gotejo
escorro esguicho
quando amo incho
e me esparramo
sem socorro
não sou dura na queda
qualquer pedra
me perfura
o chão me quebra
mas de secura
é que eu não morro
May 13th, 2013 by Christiana Nóvoa
de uma queda fui ao chão
coração aberto um rombo
e essa dor que não estanca
e ainda me toma
;
o mesmo tombo que fere
me oferece uma flor
roxa
:
um hematoma à flor da pele
branca da coxa
May 8th, 2013 by Christiana Nóvoa
viria a nado
nadando costas
vestindo nada
dar com os costados
à orla da ilha
à enseada
onde eu prostrada
em pedras
de joelhos
as mãos em concha
postas em ostras
como pétalas
pesco as escamas
seu corpo em postas
em chamas
pisco nas pregas
das pálpebras
no risco da virilha
entre as coxas
seus olhos vermelhos
pretos como pérolas
roxas
May 6th, 2013 by Christiana Nóvoa
uma indiferença tão sincera
fere dilacera o coração
dessa quimera
uma fera imensa cai ao chão
a cada vez que você não
me pensa
May 5th, 2013 by Christiana Nóvoa
termino e recomeço
o penúltimo ensaio
da inúmera carta
;
assino e endereço
ao raio que o parta
May 5th, 2013 by Christiana Nóvoa
a baía é um ventre
pra um barco que entre
onde o vento alisa
o poente é uma
brasa que se esfuma
na bruma imprecisa
ilha dos amores
traga o sol de alhures
na salgada brisa
que um doce perfume
de flor e estrume
molha e fertiliza
May 4th, 2013 by Christiana Nóvoa
na praça crianças
escalam os galhos
de árvores idosas
lenhosas mansões
de copas frondosas
troncos centenários
lar de gerações
de abelhas canários
e velhas lembranças
de outrora pirralhos
Apr 30th, 2013 by Christiana Nóvoa
não há via certa
toda reta torce o rabo
nada permanece
tudo desce e sobe
e eu não paro
cá onde me acabo
outra orbe me completa
como o par de aros
dessa bicicleta
Apr 29th, 2013 by Christiana Nóvoa
vista de perto
não estou bem certa
se existo
vista desperta
não sei ao certo
quem sonha
visto uma fronha
no meu recheio
disperso
um olho risonho
me avista do meio
do verso
Apr 28th, 2013 by Christiana Nóvoa
faço listas de afazeres
deixo pistas enganosas
o ensejo de uma prosa
maus escritos de meu punho
desdizeres desconexos
interditos
mais protejo meus rascunhos
que meu sexo